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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Como neutralizar um “ataque” proselitista protestante


Qualquer pessoa já viveu essa situação: um fiel protestante aborda-lhe com acusações contra a Igreja Católica, a partir de versículos bíblicos decorados e perguntas sobre o fundamento bíblico de doutrinas e práticas católicas. É uma estratégia simples e eficiente para “captar” católicos, no curto prazo, e fomentar o agnosticismo e o ateísmo no longo prazo, e é baseada, como toda estratégia de marketing e propaganda, em ilusão e oportunismo. Nesse artigo quero mostrar como e porque funciona, seus efeitos, e como neutralizar esse tipo de abordagem proselitista (= que tenta retirar fieis de uma religião para outra).

Antes de tudo, vejamos como funciona a ilusão. Um ilusionista não diz ao público em que acreditar, ele apenas faz o público acreditar no que viu, ou melhor, no que o ilusionista mostra. E aí está o truque: o ilusionista é uma pessoa versada em selecionar informações (visuais), ou seja, em mostrar apenas o que lhe interessa que o público veja.

Por exemplo, um ilusionista sempre tem assistentes de palco, invariavelmente belas mulheres com trajes chamativos. Elas entram em cena justamente em momentos críticos da apresentação. É fato mais que sabido que a função das assistentes é distrair o público, captando seu olhar enquanto o truque se processa. E então, quando o ilusionista volta à cena, o truque já está consumado e os olhos parecem confirmar a ilusão.

O ponto chave é que, na técnica da ilusão, o ilusionista faz o público olhar para o que ele quer. É o mesmo na propaganda: um comercial de um suco ou iogurte diz quanto de fruta verdadeira ele possui, mas não quanto de conservantes e sódio; um comercial de produtos dietéticos diz que ele tem o mesmo sabor do produto com açúcar, mas não os riscos dos produtos que proporcionam esse sabor, e assim por diante.

Essa, contudo, ainda é metade da estória. Dois produtos concorrentes terão essencialmente as mesmas características e farão a mesma propaganda, então é preciso usar técnicas de tomada de mercado, e uma delas usa a mais elementar de todas as formas de ataque comunicacional: a difamação.

A difamação é um dos meios mais antigos utilizados pelo ser humano para atingir objetivos sociais, provavelmente é tão antiga quanto a comunicação. Qualquer pessoa adulta já foi vítima dela, pois pessoas interessadas em um cargo, um amigo ou um(a) companheiro(a) que está com outra pessoa frequentemente usam da difamação. E nem sempre a difamação se faz por fatos inverídicos, basta que eles pareçam negativos, como uma suposta falta de diligência no trabalho, ou a não exclusividade de uma amizade, etc. O fundamental da difamação é despertar desconfiança, um sentimento de ter sido enganado, mesmo que isso não seja verdade. Quem se sente assim tem dificuldade para ouvir o acusado, e torna-se disponível para ouvir terceiros, especialmente aquele que parece ter-lhe “aberto os olhos”. É uma técnica banal de manipulação

Mas a ilusão, e mesmo a difamação, ainda requerem um terceiro elemento para funcionarem: a comunicação persuasiva. Quer dizer, a comunicação que atinge diretamente os conceitos e pressupostos do ouvinte, de tal modo a poder jogar com eles. Significa dizer que o propagandista precisa dizer algo que entre nos ouvidos e na mente do ouvinte, que o atinja, que mexa com ele. Precisa falar coisas que para o ouvinte tenham significado e importância.

Hoje, empresas pagam rios de dinheiro por informações de potenciais clientes, querem saber o que assistem, o que leem, quais são seus hábitos. O motivo é simples: oferecer o possível cliente quer comprar. A persuasão está em apresentar ao algo que já encontra no cliente interesses e predisposições, por isso seus hábitos de consumo são mapeados com estatísticas geradas por mecanismos de buscas e sites de compras.

Com essas ideias em mente podemos facilmente desnudar a estratégia de persuasão proselitista empregada por muitos protestantes.

Primeiro, ela visa diretamente, e quase exclusivamente, os católicos. O protestantismo no Brasil cresceu à medida que o catolicismo diminuiu, e ao mesmo tempo aumentaram o espiritismo, o agnosticismo e o ateísmo. Nada disso é coincidência.

O católico tem fé na Bíblia, crê em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, tem esperança na salvação, conhece a noção de pecado, etc. Um proselitista protestante precisa apenas manipular esses conceitos contra a Igreja. Por isso a retórica construída sobre citações decoradas da Bíblia.

Esses versículos decorados também possuem uma importante função ilusiva, pois impedem que o ouvinte católico, que reconhece a autoridade da Bíblia, pesquise, tire dúvidas, veja os trechos por si mesmo com calma, com orientação, com a leitura de material auxiliar como notas de rodapé ou textos paralelos.

Mas o elemento fundamental da ilusão, sem dúvida é o foco na Igreja Católica. O proselitista protestante quase não fala da própria crença, mas da fé católica, muitas vezes distorcida, e sempre em contraste com partes isoladas da Bíblia que ele tem selecionadas e decoradas.

Portanto, é um discurso que usa técnicas de ilusão e manipulação, simples, corriqueiras, mas eficazes: utiliza linguagem, conceitos, figuras e aspirações que já se sabe que o ouvinte aceita e considera (a Bíblia, Deus, Jesus...); faz com que o foco da “conversa” (é mais uma mistura de ataque verbal e interrogatório) é posto no que o proselitista previamente demarca, fazendo o ouvinte católico olhar apenas para um aparente contraste entre a Igreja e trechos da Bíblia isolados previamente e decorados para serem rapidamente citados; e faz com que o ouvinte católico sinta-se decepcionado, enganado e triste com a Igreja Católica por meio da difamação.

Quem presta ouvidos a um discurso como esse, sem consciência de que se trata de um discurso manipulador, e especialmente se não tem espírito de prudência, sabedoria, ciência, sai do “ataque” já preparado para desconfiar de qualquer resposta que venha da Igreja Católica a partir daí. Fica como aquelas pessoas que “tiveram a cabeça feita” contra alguém: tudo que essa pessoa fizer será interpretado de modo negativo. Portanto, o católico nessa situação tornou-se protestante, mesmo que ainda não o declare.

É importante acrescentar dois pontos aqui. Primeiro, tudo indica que existe um interesse enorme na “conversão” dos católicos às seitas protestantes, fundamentado essencialmente no lucro. Está aí a olhos vistos o quanto “pastores” de seitas tornam-se ricos à base do dízimo dos fieis (necessariamente de 10% da renda bruta, algo cujo fundamento é contestado até por estudiosos protestantes) e de ofertas generosas muito incentivadas. Já os que fazem proselitismo, os que vão a campo, aparentemente tendem a ser pessoas mais simples, que foram intensamente doutrinadas, que realmente acreditam no que pregam e foram treinadas para convencer outros.

Segundo: a longo prazo o proselitismo protestante enfraquece o Cristianismo, conduz ao agnosticismo e ao ateísmo. Como já salientado não é coincidência que os três fatores têm andado juntos, a diminuição do número de católicos, o aumento do número de protestantes, e o aumento do número de descrentes. A razão é simples e óbvia. Primeiro, a técnica proselitista protestante somente tem efeito sobre católicos ou cristãos de outras linhas, não tem qualquer eficácia com ateus e agnósticos, pois para estes Bíblia, Deus, Jesus, não fazem parte de uma linguagem persuasiva. Segundo, a desconfiança, uma vez instalada, pode não desaparecer. O “ex-católico” é facilmente convencido a se mudar de seita novamente, pois as seitas concorrem entre si. Após várias mudanças, a tendência é a decepção, pela percepção de que são todas igualmente defeituosas. Mas como a pessoa já formou uma mentalidade protestante, ao invés do retorno ao Catolicismo, maior é a tendência a alternativas como ser um cristão sem igreja (algo totalmente contrário ao ensinado na Bíblia), espírita, agnóstico ou ateu.

Portanto, a questão é grave, e a oposição ao proselitismo protestante tem motivos muito mais profundos que uma suposta “disputa de mercado religioso”, como observadores não católicos podem supor. Trata-se realmente de salvar almas.

Então, como neutralizar o discurso proselitista protestante?

Do mesmo modo que se neutraliza qualquer outra ilusão ou propaganda: olhando para o outro lado, ou seja, para onde o ilusionista não quer que se olhe.

Se estivéssemos diante da propaganda de um produto, o que se poderia fazer seria perguntar o que a propaganda não conta: qual o teor de sódio, quais os conservantes utilizados, quais as pesquisas sobre os riscos à saúde do adoçante usado?

No caso do discurso proselitista basta deslocar o foco da “conversa”, fazendo interlocutor falar da seita dele, mas não aquilo que ele gosta de mostrar. Questões como onde surgiu a seita, quem é o seu fundador, como era a vida dessa pessoa, e no que se tornou agora, não estaria essa pessoa interessada em lucro e riqueza, quem é o “pastor” local, como é seu passado, qual a situação dele hoje?

Essas são boas perguntas, mas acredito que haja uma linha ainda melhor, apresento abaixo um exemplo de resposta a um hipotético proselitista protestante:

- Bem, já vi o que senhor gosta de falar sobre religião, e eu quero saber mais sobre a sua religião. A primeira coisa que eu quero saber é se vocês são fieis à Tradição recebida dos Apóstolos, como determina 2 Tessalonicenses 2,15: “fiquem firmes e guardem as tradições que lhe foram ensinadas”?”

- A segunda coisa que eu quero saber é se a sua igreja recebeu autoridade por sucessão dos apóstolos, que receberam autoridade do Cristo, como está em Mateus 18,18, e que foi transmitida mediante a constituição de bispos em sucessão (Tito 1, 5-9; 1 Timóteo 3; 2 Timóteo 2,2).”

No caso de haver resposta, no sentido de apelar para a autoridade única e exclusiva da Bíblia, pode-se apresentar algo como esse questionamento:

- Ah, sim, nesse caso, mostre-me isso na Bíblia, e explique porque a mesma Bíblia diz que a Igreja é o Corpo de Cristo (Colossenses 1,18) e o fundamento da verdade (1 Timóteo 3,15), e porque ainda assim o senhor acredita que pode fundamentar sua fé apenas na Bíblia?”

Simplesmente não há uma resposta protestante para essas questões, uma vez que nenhuma seita protestante pode fundamentar sua autoridade na sucessão dos apóstolos, nem guarda a Tradição dos Apóstolos (que os faria ficar unidos à Igreja e não contra ela), e, portanto, precisam necessariamente recorrer à pressuposta autoridade única e exclusiva da Bíblia, a qual não somente não se encontra na Bíblia como a essa contradiz direta e claramente.

É fundamental que o leitor tenha em mente que, diante de um propagandista de qualquer espécie, não se deve seguir o roteiro do interlocutor, pois, como marqueteiro e propagandista ele está preparado (pode ter sido até intensamento treinado) para vencer na linha de raciocínio que ele propõe; ao contrário, faça o interlocutor entrar no seu roteiro, responder aos seus questionamentos, mostrar os pontos que ele quer esconder, ou dos quais sequer tem consciência. Esta é uma importante medida antimanipulação, válida para qualquer caso.


Como observação final, deixo registrado que não é todo o Protestantismo que segue hoje essa linha proselitista. Especialmente entre as denominações engajadas no projeto ecumênico, essa atitude tende a não ser incentivada. Entretanto, ainda é grande a tendência ao proselitismo no Protestantismo, especialmente num país ainda majoritariamente católico, como é o Brasil. Até porque, novas seitas estão sempre surgindo, e buscando adeptos.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Porque o Protestantismo não é evangélico


Uma das principais autodenominações dos adeptos das seitas protestantes é de que são “evangélicos”.

Evangélico é aquele que crê e professa o evangelho, isto é, a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa autodenominação na verdade contém uma acusação, de que o Catolicismo não é evangélico, por isso eles, adeptos do Protestantismo, pretendem se distinguir se autoproclamando assim.

De fato, essa é a acusação mais antiga do Protestantismo, e tanto Lutero quanto Calvino citavam contra o Catolicismo Gálatas capítulo 1, versículo 8 (“se eu ou mesmo um anjo do céu pregar um evangelho diferente seja anátema”) em defesa de sua rebeldia e visando com isso fundamentar sua doutrina de “Bíblia somente” (Sola Scriptura).

Nessa acusação está, evidentemente, a interpretação de que outro evangelho seria algo que não se encontrasse claramente nos quatro evangelhos canônicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João. E nisso os “reformadores” viram um argumento para a rejeição da Tradição guardada e pelo Magistério exercido pela Igreja Católica.

A origem dessa interpretação, contudo, está entre a ignorância e a vigarice. A Carta aos Gálatas é um dos documentos mais antigos do Novo Testamento. Ela precede a maioria dos textos dos evangelhos canônicos, se não todos. Precede o Evangelho de São João em cerca de meio século. E precede a definição do corpus, do conjunto, dos evangelhos e livros neotestamentários, ou seja, do cânon bíblico, em séculos. Assim, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, pregado por São Paulo e referido na Carta aos Gálatas, que é o único Evangelho pois não há outro (Gálatas 1,7), não poderia ser o conjunto dos quatro evangelhos canônicos, nem o conjunto do Novo Testamento. Então o que o definiria?

Basta ver qual era o “outro evangelho” (um antievangelho, já que não há outro) que estava sendo indevidamente aceito: a doutrina dos legalistas, que impunham a prática de toda a Lei do Antigo Testamento, com todas as suas práticas rituais, incluindo a circuncisão, a todos que quisessem seguir Jesus, o Cristo (leia-se a íntegra da Carta aos Gálatas).

E ver como São Paulo realmente anatematizou esse antievangelho: levando a questão ao centro da Igreja, na época, Jerusalém, a Sé Apostólica, onde se encontrava Pedro (que já havia recebido uma revelação do Senhor sobre essa questão em Atos 10,9-16). Então, o Evangelho verdadeiro foi definido e o antievangelho repelido pela decisão do Concílio de Jerusalém, ou seja, foi repelido pela Igreja em comunhão com a Sé Apostólica. E repare que a carta enviada com a decisão do Concílio dizia que os legalistas procediam sem terem recebido tal determinação (Atos 15,24), ou seja, os que pregavam essa doutrina não estavam em comunhão com a Igreja.

Assim, resta esclarecido, pela Escritura, que o Evangelho é a mensagem dada pela Igreja em comunhão com a Sé Apostólica, ao passo que a pregação que se encontra fora dessa comunhão é um antievangelho.

Portanto, o que os protestantes não são é exatamente o que eles dizem ser: evangélicos.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O Fiel Católico: Sola Scriptura e as imagens no culto

O Fiel Católico: Sola Scriptura e as imagens no culto: O TEMA ESTÁ mais do que batido, mas fizemos questão de republicar este artigo que completa a nossa antiga trilogia sobre a questão das i...

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Católicos Defensores da Fé: Tem alguma coisa de errado com São Paulo em Coloss...

Compartilhando uma boa resposta a mais uma das muitas más interpretações da Bíblia que nos vêm do livre exame dos protestantes.

Católicos Defensores da Fé: Tem alguma coisa de errado com São Paulo em Coloss...: REFUTANDO A OBJEÇÃO SOBRE TRADIÇÃO.  Veja o tamanho da falta de compreensão deste pastor de seita na esquina. QUERO FAZER A MESMA PER...

sábado, 11 de novembro de 2017

Porque nenhum protestante pode acusar a Igreja Católica de Heresia



Para que haja heresia é preciso que haja ortodoxia.

Ocorre que o Protestantismo segue o princípio do livre exame da Escritura. A partir desse princípio, qualquer interpretação é igualmente válida, não havendo uma interpretação que seja normativa. Isso posto, no máximo, pode haver interpretação com melhores argumentos, mas não a interpretação correta, dentro do Protestantismo.

Ora, sendo assim, não há ortodoxia, e se não há ortodoxia não pode haver o que contraria a ortodoxia, que é justamente a definição de heresia. Portanto, não só nenhum protestante pode acusar a Igreja Católica de heresia, da mesma forma que não podem acusar uns aos outros de heresia, como nada podem criticar da doutrina católica, a não ser de um ponto de vista puramente subjetivo, como dizendo "não é essa a minha leitura". Porém isso é opinião, e não religião.

Do ponto de vista da religião cristã, o máximo que um protestante pode discutir é sobre a validade universal do ensino católico, pois isto contraria o livre exame, e todo o Protestantismo é por definição a defesa deste.

O mérito da doutrina católica é algo que está fora da órbita de crítica do Protestantismo, pois, segundo os próprios termos do livre exame, a doutrina católica é no mínimo tão válida quanto qualquer outra, e os católicos têm o direito de aderirem a ela no mínimo tanto quanto os protestantes têm o direito de aderirem às suas.

E, assim, todo protestante que afirma haver heresias católicas atenta contra a racionalidade e a lógica.