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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Porque o Protestantismo não é evangélico


Uma das principais autodenominações dos adeptos das seitas protestantes é de que são “evangélicos”.

Evangélico é aquele que crê e professa o evangelho, isto é, a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa autodenominação na verdade contém uma acusação, de que o Catolicismo não é evangélico, por isso eles, adeptos do Protestantismo, pretendem se distinguir se autoproclamando assim.

De fato, essa é a acusação mais antiga do Protestantismo, e tanto Lutero quanto Calvino citavam contra o Catolicismo Gálatas capítulo 1, versículo 8 (“se eu ou mesmo um anjo do céu pregar um evangelho diferente seja anátema”) em defesa de sua rebeldia e visando com isso fundamentar sua doutrina de “Bíblia somente” (Sola Scriptura).

Nessa acusação está, evidentemente, a interpretação de que outro evangelho seria algo que não se encontrasse claramente nos quatro evangelhos canônicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João. E nisso os “reformadores” viram um argumento para a rejeição da Tradição guardada e pelo Magistério exercido pela Igreja Católica.

A origem dessa interpretação, contudo, está entre a ignorância e a vigarice. A Carta aos Gálatas é um dos documentos mais antigos do Novo Testamento. Ela precede a maioria dos textos dos evangelhos canônicos, se não todos. Precede o Evangelho de São João em cerca de meio século. E precede a definição do corpus, do conjunto, dos evangelhos e livros neotestamentários, ou seja, do cânon bíblico, em séculos. Assim, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, pregado por São Paulo e referido na Carta aos Gálatas, que é o único Evangelho pois não há outro (Gálatas 1,7), não poderia ser o conjunto dos quatro evangelhos canônicos, nem o conjunto do Novo Testamento. Então o que o definiria?

Basta ver qual era o “outro evangelho” (um antievangelho, já que não há outro) que estava sendo indevidamente aceito: a doutrina dos legalistas, que impunham a prática de toda a Lei do Antigo Testamento, com todas as suas práticas rituais, incluindo a circuncisão, a todos que quisessem seguir Jesus, o Cristo (leia-se a íntegra da Carta aos Gálatas).

E ver como São Paulo realmente anatematizou esse antievangelho: levando a questão ao centro da Igreja, na época, Jerusalém, a Sé Apostólica, onde se encontrava Pedro (que já havia recebido uma revelação do Senhor sobre essa questão em Atos 10,9-16). Então, o Evangelho verdadeiro foi definido e o antievangelho repelido pela decisão do Concílio de Jerusalém, ou seja, foi repelido pela Igreja em comunhão com a Sé Apostólica. E repare que a carta enviada com a decisão do Concílio dizia que os legalistas procediam sem terem recebido tal determinação (Atos 15,24), ou seja, os que pregavam essa doutrina não estavam em comunhão com a Igreja.

Assim, resta esclarecido, pela Escritura, que o Evangelho é a mensagem dada pela Igreja em comunhão com a Sé Apostólica, ao passo que a pregação que se encontra fora dessa comunhão é um antievangelho.

Portanto, o que os protestantes não são é exatamente o que eles dizem ser: evangélicos.

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