Uma
das principais autodenominações dos adeptos das seitas protestantes
é de que são “evangélicos”.
Evangélico
é aquele que crê e professa o evangelho, isto é, a Boa Nova de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa autodenominação na verdade contém
uma acusação, de que o Catolicismo não é evangélico, por isso
eles, adeptos do Protestantismo, pretendem se distinguir se
autoproclamando assim.
De
fato, essa é a acusação mais antiga do Protestantismo, e tanto
Lutero quanto Calvino citavam contra o Catolicismo Gálatas capítulo
1, versículo 8 (“se eu ou mesmo um anjo do céu pregar um
evangelho diferente seja anátema”) em defesa de sua rebeldia e
visando com isso fundamentar sua doutrina de “Bíblia somente”
(Sola Scriptura).
Nessa
acusação está, evidentemente, a interpretação de que outro
evangelho seria algo que não se encontrasse claramente nos quatro
evangelhos canônicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João. E nisso os
“reformadores” viram um argumento para a rejeição da Tradição
guardada e pelo Magistério exercido pela Igreja Católica.
A
origem dessa interpretação, contudo, está entre a ignorância e a
vigarice. A Carta aos Gálatas é um dos documentos mais antigos do
Novo Testamento. Ela precede a maioria dos textos dos evangelhos
canônicos, se não todos. Precede o Evangelho de São João em cerca
de meio século. E precede a definição do corpus, do
conjunto, dos evangelhos e livros neotestamentários, ou seja, do
cânon bíblico, em séculos. Assim, o Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo, pregado por São Paulo e referido na Carta aos Gálatas,
que é o único Evangelho pois não há outro (Gálatas 1,7), não
poderia ser o conjunto dos quatro evangelhos canônicos, nem o
conjunto do Novo Testamento. Então o que o definiria?
Basta
ver qual era o “outro evangelho” (um antievangelho, já que não
há outro) que estava sendo indevidamente aceito: a doutrina dos
legalistas, que impunham a prática de toda a Lei do Antigo
Testamento, com todas as suas práticas rituais, incluindo a
circuncisão, a todos que quisessem seguir Jesus, o Cristo (leia-se a
íntegra da Carta aos Gálatas).
E
ver como São Paulo realmente anatematizou esse antievangelho:
levando a questão ao centro da Igreja, na época, Jerusalém, a Sé
Apostólica, onde se encontrava Pedro (que já havia recebido uma
revelação do Senhor sobre essa questão em Atos 10,9-16). Então, o
Evangelho verdadeiro foi definido e o antievangelho repelido pela
decisão do Concílio de Jerusalém, ou seja, foi repelido pela
Igreja em comunhão com a Sé Apostólica. E repare que a carta
enviada com a decisão do Concílio dizia que os legalistas procediam
sem terem recebido tal determinação (Atos 15,24), ou seja, os que
pregavam essa doutrina não estavam em comunhão com a Igreja.
Assim,
resta esclarecido, pela Escritura, que o Evangelho é a mensagem dada
pela Igreja em comunhão com a Sé Apostólica, ao passo que a
pregação que se encontra fora dessa comunhão é um antievangelho.
Portanto,
o que os protestantes não são é exatamente o que eles dizem ser:
evangélicos.
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