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terça-feira, 13 de março de 2018

Por que as acusações protestantes contra a Igreja Católica são destituídas de qualquer fundamento



Decomplicando o Sola Scriptura

O Protestantismo se estrutura a partir da doutrina de que tudo deve estar expresso na Bíblia – Sola Scriptura – a qual deve ser interpretada livre e literalmente. Daí todas as acusações contra a Igreja Católica seguirem a mesma ladainha: isto não está na Bíblia, aquilo não está na Bíblia, o livro tal, capítulo, versículo tal diz isso... a conversa de sempre.

Cabe ressaltar a dependência total e absoluta do Protestantismo para com o Sola Scriptura. Quando o Protestantismo surgiu o Cristianismo já tinha cerca de 1500 anos, e a Autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana no Ocidente, e das Igrejas Ortodoxas no Oriente, era algo pacífico, sem nenhuma contestação séria. A Autoridade da Igreja vinha da sucessão apostólica do bispo de Roma, o Papa. Ser cristão, no Ocidente, era pertencer a essa Igreja, não pertencer a esta era não ser cristão. Como o Protestantismo não podia invocar essa autoridade, mas precisava confrontá-la, o recurso foi proclamar Somente a Bíblia, isto é, ninguém tem autoridade para ensinar a fé, nem interpretar a Bíblia, e a Tradição não pode sustentar pontos de fé.

Já escrevi várias vezes, e até um livro (você pode baixar e ler aqui), sobre o desacerto dessa doutrina, mas como o tema é recorrente, escrevo esse artigo para esclarecer, de modo simples e direto, o porque simplesmente não há motivo para dar ouvidos aos discursos protestestantes contra a Igreja Católica.

O problema todo é que, segundo o Sola Scriptura, tudo tem que estar expresso na Bíblia (como os protestantes exigem que os dogmas e práticas católicas estejam), então essa exigência mesma precisa estar expressa na Bíblia. Óbvio!

Claro que aí os defensores do Protestantismo apresentam este ou aquele versículo que supostamente teriam essa doutrina implícita (espera aí, mas não tem que estar explícito? Não é o que exigem dos dogmas católicos?...).

Porém, quem já estudou teoria dos conjuntos (isso inclui crianças do 5º ano do ensino fundamental, lembra?, “pertence a”, “não pertence a”, “está contido”, “não está contido”, e sim, isso serve para alguma coisa!), sabe muito bem que para dizer que um elemento não pertence a um conjunto é preciso ter o número e a identidade de seus elementos. Como o alfabeto: o álef (letra do alfabeto hebraico) não faz parte do alfabeto da língua portuguesa porque este tem definidas as 26 letras que o compõem, “abcd...xyz”, e o álef não faz parte, não pertence a esse conjunto. Em outras palavras, só é possível haver exclusão de um conjunto, se o conjunto é fechado, definido e determinado.

O que isso tem a ver? Simples, se a Bíblia é o conjunto exclusivo da Palavra de Deus, ela precisa ser um conjunto fechado, definido, com seus elementos determinados. Mas eles são, correto? Sim, mas não pela própria Bíblia. Não há nenhum livro bíblico que diga o número e a identidade dos elementos (livros) que compõe a Bíblia. Portanto, essa definição é extrabíblica. Assim, se somente vale o que está na Bíblia, a própria Bíblia não existe...

Por outro lado, se a própria Bíblia não define o próprio conjunto, então ela não pode e nem poderia afirmar que esse conjunto é exclusivo (somente ele é a Palavra de Deus). Então, vãs são todas as tentativas de provar o Sola Scriptura com base na Escritura (Bíblia). E se ele não está na Escritura, e se somente é verdade o que está na Escritura, ele se destroi. E se o fundamento cai, todo o edifício cai com ele (já viu um prédio no ar?).

Sem o Sola Scriptura, sem o Protestantismo. Sobra a Autoridade da Igreja, e a Tradição ao lado e integrada à Escritura. Nem tudo tem que estar na Bíblia, e o texto da Bíblia tem interpretação oficial, dogmática, no Magistério, em que a Igreja exerce sua Autoridade.

Portanto, até que se prove que o afirmado acima é falso, e que o Sola Scriptura é verdadeiro, que este é clara e expressamente ensinado pela Bíblia (o que, na verdade, não pode ser feito, por uma questão de lógica), nenhuma afirmação do Protestantismo contra a Igreja Católica, nenhuma, nada, merece consideração.

FIM