Igreja do Distrito de Cocais, Barão de Cocais, MG.
Blog de apologética em defesa da fé da Igreja Católica Apostólica Romana.
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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
Deus nos livre de um Brasil evangélico (do site do "Pastor" Ricardo Gondim)
Ricardo
Gondim*
Começo
este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que
outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna
para espalhar vários deles em avenidas da cidade com a mensagem:
“São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.
Rumino
o recado desde então. Represei qualquer reação à bobagem
estampada publicamente; hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta
em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de
ver o Brasil tornar-se evangélico. Antes explico: eu gostaria de ver
o Brasil permeado com a elegância, solidariedade, inclusão e
compaixão do Evangelho. Mas a mensagem subliminar dos outdoors, para
quem conhece a cultura do movimento evangélico, é outra. Os
evangélicos sonham com o dia em que cidade, estado e país se
convertam em massa, e a terra dos tupiniquins tenha a cara de suas
denominações.
Afirmo
que o sonho é que haja um “avivamento” religioso que leve uma
enxurrada de gente para os templos evangélicos. Não reside entre os
teólogos do movimento qualquer desejo de que valores cristãos
influenciem a cultura brasileira. Eles anelam tão somente que o
subgrupo, descendente distante dos protestantes, prevaleça. A eles
não interessa que haja um veloz crescimento numérico entre
católicos romanos; que ortodoxos sírios, russos, armênios ou
gregos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que
virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três
vezes na madeira).
Avanços
numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia
de como seria desastroso se acontecesse a tal levedação radical do
Brasil.
Imagino
uma Genebra calvinista brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam
por um puritanismo não inglês, mas moreno. Caso acontecesse, como
os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria
Gadu? Respondo: seriam execrados como diabólicos, devassos e
pervertedores dos bons costumes. Não gosto nem de pensar no destino
de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem”
do Chico. Um Brasil evangélico empobreceria, já que sobrariam as
péssimas poesias do cancioneiro gospel. As rádios tocariam sem
parar músicas horrorosas como “Vou buscar o que é meu”,
“Rompendo em Fé”.
Uma
história minimamente parecida com a dos puritanos calvinistas
provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas
seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de
Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como
Carlos Drummond de Andrade?
Como
ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os
chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais,
para que se desqualificasse Charles Darwin como “alucinado inimigo
da fé”. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como
disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia,
veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos.
Derridá nunca teria uma tradução para o português. O que dizer de
rebeldes como Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo,
seriam pesquisados como desajustados. Ganhariam rótulos para serem
desmerecidos a priori como loucos, pederastas, hereges.
Um
Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o
Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. A alegria
do futebol morreria; alguma lei proibiria ir ao estádio ou ligar
televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada de várzea,
aconteceria quando? Haveria multa ou surra para palavrão?
Um
Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político
prevaleceu. Basta uma espiada no histórico de Suas Excelências da
bancada evangélica nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para se
apavorar. Se, ainda minoria, a bancada evangélica na Câmara Federal
é campeã em faltas e em processos no STF, imagina dominando o
parlamento.
Um
Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of
life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e
moralidade não passa de cópia malfeita da cultura estadunidense.
Obcecados em implementar os “valores da família”, tão caros ao
partido republicano dos Estados Unidos, recrudesceria a teologia de
causa-e-efeito, cármica, do “quem planta, colhe”. Vingaria o
sucesso como aferidor da bênção de Deus.
Um
Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica.
Uma nova elite religiosa (os ungidos) destilaria maldição contra os
“inimigos da fé”, os “idólatras”, os “hereges”, com
mais perversidade do que aiatolás iranianos. Ficaria mais fácil
falar de inferno e mandar para lá todo mundo que rejeitasse algumas
lógicas tidas como ortodoxas.
Cada
vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro perguntando:
Como seria uma emissora liderada por evangélicos? Adianto: insípida,
brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro,
sem pestanejar, os textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto,
do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge
Amado, a qualquer livro da série “Deixados para Trás” do
fundamentalista de direita, Tim LaHaye. O demagogo Max Lucado (que
abençoou a decisão de Bush bombardear o Iraque) não calça o
chinelo de Mário Benedetti.
Toda
a teocracia um dia se tornará totalitária. Toda a tentativa de
homogeneizar a cultura precisa se valer de obscurantismo. Todo o
esforço de higienizar os costumes é moralista e hipócrita.
O
projeto cristão visa preparar para a vida. Jesus jamais pretendeu
anular os costumes de povos não-judeus. Daí ele celebrar a fé em
um centurião, adorador no paganismo romano, como especial e digna de
elogio. Cristo afirmou que, entre criteriosos fariseus, ninguém
tinha uma espiritualidade tão única e bela como daquele soldado que
se preocupou com o escravo.
Levar
a Boa Notícia – Evangelho – não significa exportar cultura,
criar dialeto ou forçar critérios morais. Na evangelização, fica
implícito que todos podem continuar a costurar, compor, escrever,
brincar, encenar, como sempre fizeram. O evangelho convoca à pratica
da justiça; cria meios de solidariedade; procura gestar homens e
mulheres distintos; imprime em pessoas o mesmo espírito que moveu
Jesus a praticar o bem.
Há
estudos sociológicos que apontam estagnação quando o movimento
evangélico chegar a 35% da população brasileira. Esperemos que
sim. Caso alcançasse a maioria, com os anseios totalitários e
teocráticos que já demonstra, o movimento desenvolveria mecanismos
para coibir a liberdade. Acontece que Deus não rivaliza a liberdade
humana, mas é seu maior incentivador.
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.
*
Teólogo
brasileiro, presidente nacional da Igreja Betesda, presidente do
Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos, conferencista.
(Wikipédia)
Texto reproduzido de: http://www.ricardogondim.com.br/meditacoes/deus-nos-livre-de-um-brasil-evangelico/.
Nota: Quando dizem que o Brasil está para ser engolido pelos "evangélicos", não podemos deixar de divulgar a opinião de um pastor protestante que percebe que isso seria um retrocesso. Não necessariamente concordamos inteiramente com todos os pontos de vista expressos no texto.
DEUS VULT: como o estudo da fé católica me levou ao catolicismo (do site "O Fiel Católico")
PUBLICAMOS
O BELÍSSIMO testemunho de conversão de João Marcos, leitor que
veio graciosamente compartilhar conosco sua inspiradora história.
Consideramos que o texto tenha em si grande valor, porque além de
motivar tantas outras pessoas que vivem histórias semelhantes (e que
nos contatam quase diariamente), contém uma boa lista de indicações
bibliográficas e de webpagesque
lhe foram de auxílio, – e que certamente poderão auxiliar também
a muitos outros de nossos leitores. Segue...
“Não existem cem pessoas que odeiam a Igreja Católica, mas existem milhões que odeiam aquilo que pensam ser a Igreja Católica.”
(Venerável Arcebispo Fulton Sheen)
Este
é o relato da minha conversão ao Catolicismo. É uma história
pessoal, não um tratado de Teologia nem uma tentativa para converter
alguém. Escrevi este relato para organizar meus pensamentos e
facilitar quando perguntarem os motivos da minha conversão. No
decorrer do texto indiquei vários livros ao leitor interessado em
compreender os motivos que me levaram a tomar a decisão de seguir a
Igreja Católica Apostólica Romana. Ao final eu proponho um roteiro
de leituras para entender a fé católica e examinar as acusações
que fazem à Igreja.
AVISO:
Peço que leia os livros recomendados, em especial aqueles destacados
em negrito, antes de tentar rebater as palavras aqui escritas. Não
voltei para a Igreja por capricho ou comodismo; essa decisão custou
muito esforço, oração e alguns sacrifícios. Esperar o mesmo do
leitor é um ato de justiça. Quando o leitor discordar de algum
ponto, o correto é buscar conhecer mais profundamente o que ensina a
Igreja sobre o tema, o que dizem os grandes padres e apologistas
católicos e então comparar com suas crenças. Aí sim o leitor
poderá fazer um juízo sobre a fé. Só assim as suas palavras terão
valor suficiente para serem ouvidas por mim. Ou como dizia um célebre
e polêmico brasileiro: “Eu acho que o direito de ter opinião é
proporcional ao interesse sincero que você tem pelo assunto. Se você
não tem interesse pelo assunto para você sequer ler alguma coisa,
por que nós devemos ter interesse de ouvir a sua opinião? ” (True
Outspeak – 10.03.2008)
*
* *
Sempre
fui cristão. Fui batizado na Igreja Católica quando eu era um bebê.
Por volta dos meus 6 anos, eu e minha família fomos para a igreja
protestante. Desde então, minha família frequentou inúmeras
denominações, quase todas tradicionais, e nunca mais tive contato
com o catolicismo.
A
'Idade das Trevas'
Com
o advento do "Facebook" logo me envolvi em
discussões com ateus (eu prefiro chamá-los “neoateus”, por
fazerem parte de uma geração recente de ateus militantes e
superficiais cujo maior “guru” é Richard Dawkins, mas tem entre
seus expositores famosos Neil deGrasse Tyson, Sam Harris e
Christopher Hitchens). Não tardou em aparecer o famoso argumento da
Idade das Trevas: durante o período de mil anos entre 500-1500 a
Igreja Católica oprimiu o Ocidente através do misticismo e da
ocultação do conhecimento, além de perseguir oponentes por meio da
Inquisição. Isto bastava para comprovar que a religião,
especialmente o Cristianismo, está na contramão do progresso, da
ciência e da liberdade individual.
Sendo
cristão é meu dever conhecer e testemunhar da verdade. Então
comecei a estudar a tal Idade das Trevas para verificar se a Igreja
foi responsável por tamanha crueldade. Pobre de mim! Descobri que
aconteceu exatamente o contrário: num milênio de caos, fragmentação
política, invasões de povos selvagens e peste, a Igreja foi a única
instituição ocidental a manter-se estável, um verdadeiro porto
seguro. O conhecimento da época dos gregos e romanos foi preservado
através de muito trabalho dos clérigos católicos, como por exemplo
os monges copistas, responsáveis por copiar livros inteiros à mão.
Em vez de combater a ciência, a Igreja foi por muitos séculos a
única instituição a fomentar o desenvolvimento científico na
Europa. Ela foi a criadora das universidades, seus clérigos
traduziram muitas obras da época romana e grega, além de permitir
que debates acalorados com pensadores de outras culturas acontecessem
dentro das suas universidades.
Essas e outras contribuições da Igreja Católica ao mundo ocidental estão cuidadosamente listadas no livro "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", de Thomas Woods Jr (baixe gratuitamente aqui).
Quanto à famosa Inquisição minha surpresa foi ainda maior: aproximadamente 2000 pessoas foram condenadas à morte pelos Tribunais da Inquisição medievais (1231-1400dC). Durante as inquisições da Espanha e Portugal, as mais violentas, 6000 pessoas morreram nos 500 anos de duração dos tribunais eclesiásticos ibéricos. Considerando a população ibérica e europeia nos níveis da Idade Média (bem baixos, o que aumentará o valor que mostrarei a seguir, de forma a mostrar ao leitor o “pior caso” da Inquisição), temos que a pior inquisição, a ibérica (de Portugal e Espanha) condenou à morte 17 pessoas a cada 100 mil habitantes, por ano. A inquisição medieval, mais branda, condenou à morte 0,08 pessoa a cada 100 mil habitantes, por ano (fontes: Fordham University / Catholic Bridge). Só para comparar, no Brasil 22 pessoas a cada 100 mil habitantes morreram em acidentes de trânsito (dados de 2013).
O grande historiador protestante Phillip Schaff afirma em seu livro "History of the Christian Church” (vol. V, New York, 1907, p.524):
“Para vergonha das igrejas protestantes, a intolerância religiosa e até a condenação à morte continuaram muito tempo depois da Reforma. Em Genebra esta perniciosa teoria foi posta em prática pelo Estado e pela igreja, admitindo até mesmo o uso de tortura e do testemunho de crianças contra seus próprios pais, com a autorização de Calvino. Bullinger, na Segunda Confissão Helvética, anunciou o princípio pelo qual a heresia poderia ser punida como os crimes de assassinato ou traição.”
Não se trata da tática petista de justificar um erro apontando o erro do outro. Tortura é inaceitável sob qualquer ponto de vista. No entanto, devemos ser justos e agir com a mesma rigidez no caso dos morticínios realizados por outros grupos, como protestantes (veja o caso dos Anabatistas e a caça às bruxas, fenômeno exclusivamente protestante – saiba mais aqui), islâmicos (sem comentários, os franceses que o digam) e mesmo ateus: durante a Revolução Francesa, que nos ensinam ter sido fundamentada nos princípios de “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, foram mortas 140 mil pessoas em cinco anos segundo a Enciclopédia Encarta. Quer dizer, uma revolução de cunho ateu matou 100 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano, 5 vezes mais do que a pior inquisição (só pra constar, no Brasil morreram 28 pessoas a cada 100 mil habitantes por homicídio em 2013: a Revolução Francesa matou 3 vezes mais que os criminosos brasileiros).
Para encerrar este assunto, a própria Igreja admitiu os abusos cometidos na Inquisição. Tanto que ela abriu os arquivos da Inquisição a um grupo de 30 historiadores reconhecidos internacionalmente, para que eles investigassem os fatos.
Todos esses fatos sobre a inquisição católica estão documentados em vários livros, entre os quais destaco: "Atas do Simpósio sobre a Inquisição" (1998), de Agostino Borromeo, "A Idade Média que não nos ensinaram", de Regine Pernoud, "Sete Mentiras sobre a Igreja Católica", de Diane Moczar.
Este
estudo sobre o papel essencial da Igreja Católica na Idade Média
fez com que eu a admirasse. Mas isso era só o começo. No início de
2015 decidi então conhecer a fé católica. Se o papel histórico da
Igreja Católica na Idade Média foi muito diferente do que me
ensinaram, será que a fé católica não me surpreenderia também?
Era isto o que eu precisava conferir.
Escolhi livros que explicassem a fé católica ao público protestante e testemunhos de conversões de protestantes ao catolicismo. São estes: "Catholicism for Protestants", de Shane Shaetzel, "Rome Sweet Home", de Scott e Kimberly Hahn (encontrado no Brasil sob o título 'Todos os Caminhos levam a Roma'), "Born Fundamentalist, born Again Catholic", de David Currie, e "A Fé Explicada", do Pe. Leo J. Trese. Todos os conceitos mencionados daqui em diante foram exaustivamente explicados nesses livros.
Da minha experiência pessoal, creio que os principais problemas dos protestantes/evangélicos com o Catolicismo são a veneração dos santos e de Maria. Existem outros pontos de conflito, mas estes dois são os primeiros que surgem à mente do protestante comum.
Naturalmente, estes foram os primeiros problemas que procurei por explicações. Tratam-se da Intercessão dos Santos. Por que o católico reza a Maria e aos santos? Isso não é idolatria? Não. O católico não considera a oração uma forma de adoração. Da mesma forma que pedimos oração a outros irmãos da igreja, o católico pede oração a pessoas que viveram vidas extraordinárias aqui e que agora estão vivas no Céu, diante de Deus.
Especificamente no caso de Maria, a mãe de Deus, creio que grande parte do problema protestante se resolva ao compreender como os católicos entendem a Intercessão dos Santos. Só resta acrescentar que ao católico é dogma de fé que Maria é a criatura mais santa dentre todas as criaturas de Deus. Os motivos dela ser assim considerada estão nos documentos da doutrina católica, e o estudo das doutrinas marianas chama-se Mariologia. Temos então o seguinte raciocínio:
1) A oração dos santos é mais eficaz porque eles estão em plena Comunhão com Deus, no Céu.
2) Maria é a mais santa dentre todos os santos.
3) Logo (aceitas as premissas 01 e 02), é razoável pedir que Maria interceda por mim diante de Cristo.
Ao entender isto, fica fácil entender também porque os católicos devotam tantas orações e cerimônias aos santos em geral e à Maria em particular. Eles não acreditam que santos são “deuses” e sim que os santos, hoje no Céu, são excelentes intercessores dos simples cristãos que estão aqui. Recomendo ler o que ensina oficialmente a Igreja a respeito de Maria: parágrafos 963-975 do Catecismo.
O último conceito que é útil estudar para entender os católicos neste assunto dos santos é a diferença entre adoração e veneração. Adoração é o culto prestado unicamente a Deus. Assim como na tradição judaica, o católico acredita que não existe verdadeira adoração sem oferecimento de sacrifício, que é o que acontece na Missa. O católico só oferece sacrifícios a Deus. Já a veneração é uma forma de prestar homenagem, uma demonstração pública de respeito. Da mesma maneira como homenageamos grandes personalidades políticas, artísticas ou dos negócios, o católico homenageia, dentro do contexto cristão, aqueles que viveram vidas exemplares.
Ao contrário do que muitos pensam, a Igreja tem 2 mil anos de idade e já estudou profundamente os Mandamentos de Moisés, em especial os dois primeiros (sobre a idolatria e imagens). O Catecismo faz um resumo (citando a Bíblia, como sempre) nos parágrafos 2129-2132.
Então, a meu ver, se é ilícito venerar os santos e encomendar-lhes orações, então é muito mais ilícito homenagear qualquer pessoa desta terra, ou pedir que algum irmão ore por mim. Se os santos, que viveram unicamente para Cristo, são indignos de homenagem, quão dignos seremos nós, meros mortais que não conseguem passar 01 dia se sacrificando por Deus?
Existem muitos bons livros dedicados a explicar a devoção mariana, seu surgimento e desenvolvimento na História e porque ela não é uma forma de idolatria. Recomendo três livros que tratam toda essa questão num único volume: "Behold your Mother", de Tim Staples; "Mary, Mother of the Son", de Mark Shea e "The Marian Mystery: Outline of a Mariology", de Denis Farkasfalvy. Estes livros demonstram que já nos primeiros séculos de Cristianismo havia devoção à Mãe de Deus.
Dos
motivos de não continuar protestante
Entender
essas práticas católicas serviria apenas para desmistificar a minha
visão do catolicismo. Não foi isso que me fez mudar de vida. Foi
somente quando estudei e refleti sobre dois assuntos pouco tratados
pelos protestantes que fiquei numa posição insustentável e tive
que tomar a decisão sobre minha fé.
O principal fundamento teológico do Protestantismo, isto é, de todas as denominações não-católicas que surgiram a partir do ano 1500 é o Sola Scriptura. Este princípio ensina que “somente a Escritura é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias” (cf. http://mackenzie.br/6966.html, acesso em 26.7.2015). É ele que justifica a famosa pergunta dos "evangélicos": “Onde isso está na Bíblia?”. Esta é a pergunta que os católicos mais escutam dos protestantes.
O grande problema com o Sola Scriptura é que ele mesmo não é bíblico. Você leu isso mesmo. O princípio que afirma que a Bíblia é a única autoridade em matéria de fé não é bíblico. Não precisa acreditar em mim. Procure na Bíblia. Pergunte a qualquer teólogo protestante em qual parte da Bíblia está o Sola Scriptura. Ele não saberá responder. O que me deixou mais chocado foi descobrir que o Sola Scriptura é simplesmente aceito como um dogma, uma ideia que não precisa de provas [é irônico os protestantes acusarem os católicos de dogmáticos quando a base da crença protestante é um superdogma sem fundamento]. E isso não sou eu quem diz:
“Existem evidências internas e externas da inspiração e divina autoridade das Escrituras, mas estes atributos não são passíveis de 'prova'. A única evidência que importa é o “testemunho interno do Espírito” no coração do leitor. Ênfase de Calvino: 'A menos que haja essa certeza [pelo testemunho do Espírito], que é maior e mais forte que qualquer juízo humano, será fútil defender a autoridade da Escritura através de argumentos, ou apoiá-la com o consenso da Igreja, ou fortalecê-la com outros auxílios. A menos que seja posto este fundamento, ela sempre permanecerá incerta' (8.1.71).”
(Fonte: http://mackenzie.br/6966.html acesso em 26.07.2015)
Ou
seja, a “prova” de que uma interpretação particular da Bíblia
é inspirada por Deus é uma “certeza maior e mais forte que
qualquer juízo humano”. Basta se sentir certo para estar
correto(!).
Tome a seguinte afirmação: “Não existe verdade”. Quando alguém afirma isso já se contradiz, porque essa mesma frase é em si mesma uma verdade (ou a pessoa pensa que é uma verdade). Na verdade, o que a pessoa quis dizer é: “Não existe verdade – exceto esta aqui”. É um princípio arbitrário, afinal, só é verdade porque quem o enuncia diz que é verdade. Um princípio falho em si mesmo não pode ser verdade. É o mesmo problema do Sola Scriptura.
O Sola
Scriptura não encontra fundamentação bíblica e nem
histórica. Os cristãos primitivos, aqueles que viveram nos
primeiros 300 anos depois de Cristo, nunca pronunciaram o Sola
Scriptura, pelo contrário. Todos acreditavam na necessidade
de existir uma autoridade central, outorgada pelo próprio Cristo,
para interpretar as Escrituras. Um testemunho famoso (mas não o
único) é o de Santo Agostinho: “Eu não acreditaria no Evangelho,
se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,
119). Em sentido oposto, não há nenhum registro dos primeiros
cristãos afirmando que as Escrituras são a única e suprema
autoridade na fé.
Outro
problema com o Sola
Scriptura é
que nos primeiros 300 anos de Cristianismo não existia Bíblia. É
isso mesmo. O cânon, o conjunto dos livros cristãos que
formaram a Bíblia, só foi definido e ntre 367
e 405 dC (curiosamente,
até um historiador protestante reconhece estas datas: veja
aqui). Durante
todo esse período, qual foi a autoridade suprema dos cristãos
em matéria de fé? Pior: até a invenção da imprensa em 1455
pouquíssimos livros estavam em circulação, porque eram de difícil
produção e conservação. Assim, a quem os cristãos podiam
recorrer durante quase 1500 anos, já que poucos deles tinham acesso
às Escrituras?
Além
disso, “pelos frutos os conhecereis”: hoje existem dezenas de
milhares de denominações protestantes, e cada uma delas alega
possuir a “verdadeira interpretação” das Escrituras. Quem está
falando a verdade? Qual é a verdadeira fé e a verdadeira igreja?
Qual o modo correto de interpretar a Bíblia? O que vale pra hoje e o
que não vale mais? [o Espírito Santo entraria em evidente
contradição, ensinando uma coisa a determinada comunidade e outra
coisa diferente, – muitas vezes mesmo contraditória, – a uma
outra comunidade?]
Para
ilustrar a fragilidade do Sola Scriptura, elencarei os 5
pontos levantados no vídeo abaixo [já publicado anteriormente aqui
em 'O Fiel Católico']:
1) Onde
a Bíblia diz que eu devo provar alguma coisa pela Bíblia?
2) Por
que a minha interpretação da Bíblia (em meu caso, fundamentando a
doutrina católica) está errada e a sua correta? Eu também estou me
guiando pela Bíblia, nós só discordamos no que ela quer dizer.
3) Talvez
você não está compreendendo o significado correto da Bíblia. Um
exemplo: se eu lhe escrever o seguinte bilhete: “Eu não disse que
você roubou dinheiro.” você conseguiria entendê-lo? Parece que
sim, mas uma frase de 07 palavras pode ter vários significados. Pode
ser que EU não disse que você roubou dinheiro, mas alguém disse.
Pode ser que eu não DISSE, mas posso ter escrito ou pensado que você
roubou dinheiro. Pode ser que eu não disse que VOCÊ roubou
dinheiro, posso ter falado de outra pessoa. Pode ser que eu não
disse que você ROUBOU dinheiro, você pode ter perdido ou queimado
dinheiro. Pode ser que eu não disse que você roubou DINHEIRO, você
pode ter roubado outra coisa. Uma simples frase de 07 palavras tem
pelo menos cinco significados diferentes, a depender da ênfase dada
a cada palavra. Agora me responda: não é a Bíblia muito mais
complicada que uma frase de 07 palavras?
4) O
que está em confronto não é o que a Bíblia ensina, mas o que nós
interpretamos da Bíblia.
5) De
onde vieram os livros do Novo Testamento? Como eles foram parar na
Bíblia? Quem afirma rejeitar a Tradição porque segue apenas a
Bíblia não pode fazer isso, porque foi a própria Tradição
católica quem escolheu quais livros pertencem ao Novo Testamento. Em
lugar algum a Bíblia diz quais livros fazem parte dela. Então, o
simples fato de ser “biblista” só é possível graças à
Tradição católica.
A Bíblia não caiu do Céu. Durante quase 400 anos os cristãos lutaram para reconhecer, aos poucos, os livros inspirados, até que concílios católicos, compostos por bispos católicos, definiram os livros da Bíblia. Foi a autoridade da Igreja que encerrou a discussão sobre os livros inspirados.
A Bíblia não caiu do Céu. Durante quase 400 anos os cristãos lutaram para reconhecer, aos poucos, os livros inspirados, até que concílios católicos, compostos por bispos católicos, definiram os livros da Bíblia. Foi a autoridade da Igreja que encerrou a discussão sobre os livros inspirados.
Então, para
encerrar este assunto Sola Scriptura, e
resumindo toda a questão: não é bíblico, não é lógico, não é
histórico e teve consequências catastróficas para o Cristianismo.
Foi um conceito inventado depois de 1500 anos de Cristianismo. Sendo
assim, é no mínimo prudente considerar que a posição católica
(de acreditar na autoridade da Bíblia, mas também na da Tradição
conservada pela Igreja) é no mínimo plausível. Não estou
pedindo para você se converter, apenas para reconhecer que não é
absurdo a Palavra de Deus não se restringir a um livro. Isto é o
mínimo que se espera de alguém honesto consigo mesmo.
Por
fim, o problema Sola Scriptura foi discutido
exaustivamente por muitos autores católicos. Alguns livros que eu
recomendaria a quem deseja saber como o católico trata esse
princípio seriam estes: "Not By Scripture Alone",
de Robert Sungenis (uma verdadeira 'bomba atômica' contra o Sola
Scriptura), e "100 Biblical Arguments Against Sola
Scriptura", de Dave Armstrong.
Diante
de tudo isso, eu não podia mais aceitar o fundamento do
Protestantismo, o Sola Scriptura. A Bíblia sozinha não
é suficiente para resolver todos os conflitos da vida cristã.
Simplesmente havia coisas demais sendo “deduzidas” (eu prefiro
dizer ‘inventadas’) no calor do momento de uma época. Isso sem
mencionar que a Bíblia é uma coleção de livros complexa
demais para que um fiel comum, sem condições de estudar grego,
latim, hebraico , aramaico, Filosofia e Teologia, pudesse interpretar
de forma mais correta que o corpo de toda a Tradição cristã de 2
mil anos. Seria muita arrogância. Foi nesse momento que eu, pelo
menos em consciência, deixei o Protestantismo.
Rome,
Sweet Home
[Nota
de Henrique Sebastião, editor de 'O Fiel Católico': o segundo
Motivo que será apresentado pelo autor para deixar o Protestantismo,
a seguir, é exatamente o mesmo Motivo final e definitivo de minha
própria conversão à Igreja de Cristo]
Deixar
o Protestantismo e todas as denominações protestantes é uma coisa.
No entanto, faltava um motivo claro e inegável para eu aceitar a
Igreja Católica.
Este motivo foi a Eucaristia.
Este motivo foi a Eucaristia.
A
Eucaristia é centro de toda a fé católica. À distância, [até
se] parece com a “Santa Ceia” dos protestantes, porém
infinitamente mais carregada de sentido e importância: o católico
acredita que na Eucaristia o pão e o vinho se transformam,
milagrosamente, no Corpo e no Sangue de Cristo. Assim, podemos dizer
com razão que o católico “absorve” o próprio Cristo, presente
de maneira real na celebração da Eucaristia. Loucura? Canibalismo?
Bom, os católicos não foram os primeiros a ouvirem essas acusações.
No
Evangelho de João, capítulo 6, o próprio Cristo profere estas
palavras:
“Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a Carne do Filho do homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha Carne é verdadeiramente Comida, e o meu Sangue verdadeiramente é Bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se alimenta, também viverá por mim.”
(João 6,53-57)
Logo
em seguida, pela primeira vez em seu Ministério, Jesus perde
discípulos por causa de um ensinamento. Eles consideraram essas
palavras de Jesus “muito duras” (vs 60).
A
resposta de todo protestante é alegar que Jesus disse essas palavras
no sentido figurado, isto é, comer sua Carne e beber seu Sangue
seria um símbolo. [Ora, é claro como água límpida que esta versão
é simplesmente absurda! Se fosse apenas um símbolo, por que alguns
ou muitos discípulos se escandalizariam a ponto de deixar de seguir
Jesus? Eles estavam acostumados com as parábolas do Mestre. Por que
razão apenas quando Ele ensinou que seu Corpo e Sangue,
literalmente, se tornariam Pão e Vinho, e que os verdadeiros
seguidores deveriam se alimentar dEle, criou-se tanto celeuma?]
Outro
problema com essa versão é que ela faz de Jesus um insensível que
gostava de induzir seus seguidores ao erro e à blasfêmia. Explico.
Em todo o Evangelho (nos 04 livros, Mateus, Marcos, Lucas e João)
Jesus Cristo fez questão de explicar o significado de suas palavras
quando falava por meio de linguagem simbólica, ou em parábolas.
Veja no caso do “nascer de novo” a Nicodemos (João 3) e em todas
as parábolas (semeador, joio e trigo, videira, talentos, etc). Jesus
Cristo, sendo Deus, não induz pessoas ao erro, ao pecado gravíssimo
da blasfêmia. No entanto, justamente no caso da Eucaristia, Ele se
calou. O único cenário que justifica Jesus permitir que vários dos
seus discípulos O abandonassem é por ter dito exatamente o que Ele
quis dizer. Não há forma mais clara de dizer que deveríamos beber
Seu sangue e comer Sua carne.
Além
da evidência do próprio Cristo, há a evidência histórica: já os
primeiros Apóstolos, e seus primeiros sucessores, acreditavam que
Jesus estava realmente presente no Pão e no Vinho da Ceia. É por
isso que Paulo fez a famosa advertência em 1 Coríntios 11,29:
“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua
própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” É
pecado grave participar da Ceia sem discernir ali o corpo de Cristo.
Ora, se fosse apenas pão e vinho como símbolos do Corpo e Sangue do
Senhor, porque esta tão severa e específica advertência?
Mais:
ainda que os protestantes insistam em dizer que a Ceia é apenas um
memorial, a palavra em aramaico que Jesus utiliza para falar de Seu
corpo na Ceia é a mesma que Ele usa para falar de Seu corpo na cruz!
Tornar o corpo de Cristo na Ceia simbólico é tornar a Crucificação
simbólica(!).
Estas
e outras provas a favor da Presença Real de Cristo na Eucaristia
estão muito bem explicadas nos livros que eu grifei no meio deste
relato. Além deles, o melhor livro sobre esse assunto provavelmente
é "O Banquete do Cordeiro", de Scott Hahn.
Sabendo
que o Cristo, capaz de sofrer uma morte cheia de torturas por nós,
não seria capaz de perder discípulos por causa de uma confusão de
palavras, eu não tenho motivos para acreditar em outra coisa que não
seja o sentido literal das palavras de Jesus: que precisamos comer
Sua carne e beber Seu sangue para ter vida em nós. E conhecendo que
na Igreja Católica eu poderei participar do Banquete do próprio
Cristo, o Noivo, o Cordeiro, e que Ele, Deus encarnado, encontra-se
fisicamente presente na Santa Missa, somente o orgulho obstinado
poderia servir de motivo para não me render à Igreja Católica
Apostólica Romana.
O
que mais eu deveria fazer se soubesse que Jesus Cristo está
fisicamente presente em algum lugar?
“E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
(Mateus 28,20)
*
* *
Este
é o breve relato dos motivos da minha conversão ao Catolicismo. Não
tenho a intenção de torná-lo um tratado religioso ou histórico
sobre a fé católica e, por essa razão, não tratei de outros temas
de conflito com protestantes. Pra isso existem centenas de (bons)
livros, e eu posso indicar alguns ao leitor interessado e honesto, o
primeiro deles é o “manual” católico, – o CIC. – Por fim,
que estas palavras sejam acolhidas em terreno fértil, para que
produzam muitos frutos para a glória de Deus, nosso Pai.
Em
Cristo Jesus Nosso Senhor,
João
Marcos
Olímpia,
São Paulo, 28.07.2015
__________
Complemento
da bibliografia recomendada e indicações do autor
1. Catecismo
da Igreja Católica;
4. O
excelente (foi o primeiro livro sobre a fé católica que eu
li) "Catholicism
for Protestants",
por Shane Shaetzel. Neste livro o autor, católico bem no meio
do Bible
Belt (a
região mais protestante dos EUA), responde de maneira curta,
organizada e dentro da doutrina católica às dúvidas levantadas
pelos protestantes. É um excelente material para começar a remover
preconceitos sobre a Igreja.
5. "Coleção
História da Igreja",
por Daniel-Rops (10 volumes), além dos livros já citados no meio do
relato.
6.
Testemunhos de convertidos à Igreja Católica: eu
sempre achei que só pessoas desonestas permaneceriam ou se
converteriam à Igreja Católica. Estava redondamente enganado. E foi
só depois que eu saí do meio (protestante) é que percebi como a
grande maioria dos protestantes ainda pensa isso dos católicos.
Espero que estes livros e vídeos ajudem a desmistificar esta falsa
noção:
•
A
trilogia composta de "Surprised
by Truth: 11 Converts Give the Biblical and Historical Reasons for
Becoming Catholic", "Surprised
by Truth 2: 15 Men and Women Give the Biblical and Historical Reasons
For Becoming Catholic" e "Surprised
by Truth 3: 10 More Converts Explain the Biblical and Historical
Reasons for Becoming Catholic",
de autoria de Patrick Madrid;
•
"Ex-pastor
Paulo Leitão se converte ao Catolicismo", um testemunho
emocionante em vídeo (assista
aqui);
•
O
testemunho brilhante da conversão de Fábio Salgado à Igreja
Católica (repleto de dicas de livros, leia
aqui);
•
Todos
os membros da "Igreja Cristã Maranatha" (Detroit, EUA) se
convertem ao Catolicismo (leia
aqui).
Com
esses testemunhos espero que o leitor entenda que pessoas com motivos
sérios, fundamentados, e com uma prática de vida piedosa,
escolheram a Igreja Católica. Não é uma escolha por conveniência,
malícia ou ignorância. Muitas dessas pessoas perderam amigos,
familiares e todo seu círculo social de uma vida inteira quando
escolheram a fé católica. Todas elas eram cristãos estudiosos,
inteligentes, conhecedores da Bíblia e ativos na vida ministerial
das suas igrejas. Se meu exemplo não basta, espero então que o
exemplo desses irmãos em Cristo o ajudem a perceber que a fé
católica não é uma mentira ou tradição de homens.
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
“NÃO ALÉM DO QUE ESTÁ ESCRITO” (1 COR 4,6): SOLA SCRIPTURA?
“NÃO
ALÉM DO QUE ESTÁ ESCRITO”
(1
COR 4,6)
SOLA
SCRIPTURA?
A
expressão contida em 1 Cor 4,6, em sua tradução mais comum para a
língua portuguesa (“não ir além do que está escrito”), tem
servido a alegações da proclamação bíblica Sola
Scriptura,
princípio
fundamental do Protestantismo. Entretanto, o texto original seria
traduzido literalmente como “o não acima do que escrito”,
cuja ausência de verbos e outros complementos somente permite uma
tradução mediante a especulação do seu real significado, a qual,
para ser legítima, deve respeitar o respectivo contexto. A principal
teoria é que se trata de um ditado comum na época, e mesmo exegetas
protestantes que veem em “o que está escrito” uma referência à
totalidade do Antigo Testamento têm reconhecido que esta teria o fim
limitado pelo contexto, sendo uma lembrança da condição pecaminosa
e limitada do homem. Pertinente ainda é a tese de que essa
expressão, aparentemente sem sentido no contexto, seria uma glosa de
copista que passou a ser inserida no texto. Em todo caso, a negação
da tradição oral e da autoridade da Igreja, sendo a negação da
própria pregação do apóstolo, e sendo contrária ao ensinado por
São Paulo em outros textos, não pode abrigar-se aqui. E desse modo,
não indo além do que está escrito, descabe a extrapolação que vê
nesse trecho “Sola
Scriptura!”.
A
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios repreende os habitantes
de Corinto por estarem se dividindo em partidos em razão do orgulho
por terem tido tal ou qual mestre (um diz eu sou de Paulo, outro eu
sou de Apolo, outro eu sou de Kefas, 1 Cor 1,12). Encontra-se, no
versículo 6 do capítulo 4 a expressão “aprendam de mim a não ir
além do que está escrito”, que tem sido muito usada na tentativa
de validar o Sola
Scriptura
(somente a Bíblia), princípio fundamental do Protestantismo.
O
versículo, na versão Almeida Corrigida Fiel, tem a seguinte
redação: “E
eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós; para que em nós aprendais
a não ir além do que está escrito,
não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro” (sem destaque
no original).
Na
Nova Tradução na Linguagem de Hoje já encontramos: “aprendam
o que quer dizer o ditado: ‘Obedeça ao que está escrito’”.
Já na famosa King James Version, traduzindo literalmente, temos:
“que
aprendais em nós a não pensar dos homens acima do que está
escrito”.
A Tradução Ecumênica da Bíblia já tem a redação “...
a nosso exemplo, aprendais a não vos inchar de orgulho, tomando o
partido de um contra o outro”.
A versão portuguesa “O Livro” já traz: “...
tenho vindo a dizer: o que vocês pensam deve ser submetido ao que
dizem as Escrituras”.
A chamada Versão Fácil de Ler já escreve: “...
aprendam isto: ‘Sigam somente o que as Escrituras dizem’”.
Na Nova Bíblia Viva encontramos: “...
lhes digo: que vocês não devem ter preferências pessoais”.
E traduzindo literalmente a famosa Amplified Bible temos: “vocês
aprendam [a pensar dos homens de acordo com a Escritura e] não ir
além do que está escrito”.
Pode-se
dizer que a parte antecedente (“E eu, irmãos, apliquei estas
coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que
em nós aprendais...”) e a consequente (“... não vos
ensoberbecendo a favor de um contra outro”), guardadas as
respectivas adaptações de concordância, mantêm-se constantes.
Entretanto,
especificamente o trecho que diz “não ir além do que está
escrito” aparece com grandes variações: desde o mais comum “não
ir além” ou “não ultrapassar” o que está escrito, passando
por “não pensar do homem acima” do que está escrito, pela
afirmação de que se trata de um ditado que diz “obedeça ao que
está escrito”, chegando a “o que vocês pensam deve ser
submetido às Escrituras”, “sigam somente as Escrituras”,
“vocês não devem ter preferências pessoais” ou “não devem
se inchar de orgulho”.
Porque
esse trecho tem tantas traduções tão variadas, umas dizendo não
vá além do que está escrito, outras não pensar dos homens mais do
que o que está escrito, outras simplesmente absorvendo essa pequena
expressão na mensagem geral do versículo dizendo não se encham de
orgulho, enquanto outras ainda dizendo andem conforme as Escrituras?
A
resposta é que o texto grego antigo em que essas traduções são
baseadas não possui verbo. Na verdade é um texto cuja tradução e
compreensão tem desafiado estudiosos há séculos.
O
texto grego, transliterado, é “tó mé hiper rá gegráptai”,
que literalmente é “o não acima do que escrito”, ou “o não acima
do que está escrito”, ou ainda “o não além do que está
escrito”.
Ocorre
que ao ser traduzido, para que esse texto tenha sentido, é preciso
especular. Há um verbo implícito? Mas qual? Ir, pensar, considerar?
Mas o que? Sobre o que? “O escrito” são as Escrituras? Mas por
que não é citado nenhum trecho como nos outros locais da mesma
carta onde aparece a expressão “está escrito”? Essa frase tão
estranha seria um ditado conhecido na época? Mas o que significava?
Diferentes
suposições (e são sempre e apenas suposições), levam a traduções
e interpretações completamente diferentes.
Como,
então, entender esse trecho? Parece que a razão está com Gordon D.
Fee: “Seja o que for que signifique, o objetivo de tudo que
precede, como o resto do argumento demonstra, é a proposição da
cláusula final: que ‘vocês não se orgulhem de um contra o
outro’” (The New International Commentary on the New Testament:
The First Epistle t0 the Corinthians, Eerdmans, 1987, p. 166,
original em inglês).
Portanto,
seja um apelo aos princípios do Antigo Testamento, como a condição
pecaminosa do homem, seja um ditado que tenha um significado como o
conhecido “não procure pelo em ovo”, ou “chifre em cabeça de
cavalo”, “não complique as coisas”, seja uma remissão ao que
Paulo já escrevera nesta ou noutra carta, etc., seja o que for, esse
trecho de apenas cinco palavras (“tó mé hiper rá gegráptai”)
deve ser interpretado no contexto, e não numa extrapolação de
sentido que contraria os objetivos do versículo e da Carta como um
todo, para atender aos objetivos do intérprete.
Com
essa visão parecem concordar a maioria, senão todos os exegetas
protestantes de renome, como vemos a seguir.
No
Comentário Bíblico NVI, editado por F. F. Bruce (Editora Vida,
2008), temos: “... Não
ultrapassem o que está escrito.
Para eles, é a necessidade de aprender o lugar subordinado do homem
e da posição exaltada de Deus; a sabedoria humana sendo substituída
pela de Deus, os líderes humanos, substituídos por Cristo. Essa é
a cura para as facções – o orgulho inchado que iria ‘favorecer
um e desprezar o outro’ (NEB) – e para o orgulho presunçoso
deles, que confundia os dons de Deus com as suas próprias
realizações” (Paul W. Marsh, 1 Coríntios, p. 1881).
Já
Leon Morris escreve na reconhecida Série Cultura Bíblica (Editora
Vida Nova): “Podemos muito bem conjeturar que não ultrapasseis o
que está escrito(‘não além do que está escrito’) era um lema
familiar a Paulo e a seus leitores, dirigindo a atenção para a
necessidade de conformidade com a Escritura. Portanto, ele está
dizendo que, considerando o que ele teve que dizer acerca de Apolo e
de si próprio, eles aprenderão a ideia escriturística da
subordinação do homem. Uniformemente a Bíblia exalta a Deus. A
ênfase dada pelos coríntios às pessoas dos mestres significava que
eles estavam tendo os homens em demasiado alta consideração” (I
Coríntios: introdução e comentário, 1986, p. 62).
Hernandes
Dias Lopes, no Comentário Hagnos: “Os coríntios julgaram Paulo,
Apolo e Pedro por suas preferências e preconceitos. Entretanto,
Paulo diz que não devemos julgar uns aos outros por esses critérios.
(...) O que significa ultrapassar o que está escrito? Se você tem
de examinar alguém, limite-se ao ensino das Escrituras. A única
base de avaliação é a Palavra de Deus e não nossas opiniões. Não
superestime os ministros além da medida das Escrituras” (I
Coríntios: como resolver conflitos na igreja, 2008, pp. 76-77).
Simon
J. Kistemaker, no Comentário do Novo Testamento (Editora Cultura
Cristã), afirma que “A maioria dos estudiosos acredita que essas
palavras ‘são evidentemente um provérbio, ou um princípio, em
fórmula proverbial’. Pode ter sido um ditado corrente na arena
política da época de Paulo e que servia para a promoção da
unidade. Paulo, dizem esses especialistas, faz uso de uma máxima
familiar nos círculos de Corinto para apelar para o fim das divisões
na igreja e para promover a unidade” (2003, pp. 194-195).
Thomas
Reginald Hoover, no Comentário Bíblico: 1 e 2 Coríntios (CPAD):
“Não devemos ir além ‘daquilo que está escrito’,
gloriando-nos em determinados pregadores ou mestres. Devemos
‘gloriar- nos no Senhor’ (Jr 9.23,24). Uma razão disso é que
não sabem os motivos das outras pessoas. Escondemos os nossos
motivos dos nossos semelhantes e, às vezes, nem percebemos a nossa
própria motivação. Mas Deus tudo vê, e julgará até os motivos
das nossas ações” (1999, p. 38).
Mesmo
João Calvino, que sistematizou a doutrina protestante, entendeu
apenas que “A frase ‘acima do que está escrito’, pode ser
explicada de duas maneiras, ou seja: como uma referência ao que
Paulo escreveu, ou às provas bíblicas a que fez referência. Visto,
porém, que isso não é muito importante, os leitores estão livres
para escolherem o que preferirem” (I Coríntios, Edições
Parakletos, 2003, p. 135).
Poderíamos
multiplicar as citações... Certo é que, no contexto, a expressão
“o não acima do que está escrito”, não pode ser vista senão
como algo que tenha um sentido compatível com “estou lhes
ensinando a não se orgulharem em favor de um e contra outros,
criando facções como se Cristo estivesse dividido”.
Donde
razão assiste a traduções como da TEB e da Nova Bíblia Viva, que,
ao invés de transferirem ao leitor comum da Bíblia o problema de
entender o que essa enigmática expressão do texto original
significa, apresenta o significado integral do versículo.
Lado
outro, repreensível a tradução tendenciosa, como da Versão Fácil
de Ler (VFL) elaborada pela Bible
League International,
que força o texto no sentido que mais favorece sua posição
doutrinária, assumindo pressuposições que nem os exegetas
protestantes (pelo menos a grande maioria) reconhece como legítimas.
Não
podemos concluir esse estudo, enfim, sem mencionar algo de suma
relevância sobre essa expressão (“o não acima do que está
escrito). Desde o trabalho do teólogo protestante holandês Johannes
Marinus Simon Baljon (De Tekst der Brieven van Paulus aan de
Romeinen, de Corinthiërs en de Galatiërs als voorwerp van de
conjecturaalkritiek beschouwd, Utrecht 1884, pp. 49–51) é
grandemente apoiada a tese de que esse trecho é uma glosa, isto é,
um acréscimo feito por um copista, que passou para as futuras
cópias.
Assim,
“o não acima do que [está] escrito” seria uma anotação de que
o termo “não” (de “não vos ensoberbecendo”) estava inserido
acima do texto corrente no original, algo que ocorre em textos
escritos à mão. Nas cópias posteriores o que era apenas uma
anotação marginal (glosa) foi sendo copiado no texto e lido como
sua parte integrante. Para a chamada crítica textual, ciência que
tem buscado chegar o mais próximo possível do texto primitivo da
Bíblia mediante o estudo comparativo de manuscritos e a
identificação de possíveis inserções e erros ocorridos ao longo
de quase 1500 anos de cópias à mão, isso não é algo de se
estranhar. É bom lembrar aqui que a Bíblia não caiu do céu
impressa, encadernada, com zíper, índice, com todos os livros
juntos e divididos em capítulos e versículos.
A
nota de estudos na TEB, com efeito, registra: “O texto traz: o não
acima do que está escrito. É difícil dar um sentido aceitável a
esse texto. Uma hipótese engenhosa, adotada aqui, supõe tratar-se
da nota marginal de um copista relativa a uma particularidade gráfica
(o ‘não’ está escrito acima do ‘a’) e que um copista pouco
inteligente transladou para o texto. Outros pensam num provérbio...”
A Bíblia de Jerusalém anota semelhante observação.
E
no prestiagiado Comentário Bíblico São Jerônimo encontramos:
“‘não ir além do que está escrito’: J. Strugnell demonstrou
(CBQ36 [1974] 555-58) que to mé hyper ha gegraptai é o comentário
marginal de um copista em cujo exemplar faltava um mé, ‘não’,
que ele introduziu antes de heis” (Jerome Murphy-O ’Cornnor, O.
P., Primeira Carta aos Coríntios, p. 462, em Novo Comentário
Bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos,
Academia Cristã, Paulus, 2011).
Erro
de copista ou não, contudo, “não ir além do que está escrito”,
não é uma proclamação do Sola
Scriptura,
e, de fato, não vem sendo apresentado como tal por estudiosos e
tradutores da Bíblia dignos de nota. Essa é uma expressão que
apenas quando traduzida com o acréscimo de certas palavras, e posta
fora do contexto em que se encontra na Bíblia, parece proclamar o
Sola
Scriptura.
A expressão pode ser uma referência a um ditado ou lema da época,
ou, caso se refira à Bíblia, à condição pecaminosa do ser
humano, mas em ambos os casos, como reforço à reprimenda ao orgulho
dos coríntios, que é o real objeto do texto bíblico.
Ademais,
tenha-se em conta que se São Paulo estivesse proclamando o Sola
Scriptura,
estaria ele negando seu próprio ensinamento oral, que ele manda
guardar e transmitir de modo igualmente oral, assim como seu
ensinamento sobre a autoridade, especialmente da Igreja.
Com
efeito, Paulo não diria para rejeitar a Tradição, quando ensinou
em 2 Tm 2,2 “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste,
confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem
os outros”, em 2 Tm 3,14 “Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens
aprendido”, e em 2 Ts 2,15 “Então, irmãos, estai firmes e
retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra,
seja por epístola nossa”, entre outros trechos que enfatizam o
valor dos ensinamentos do Apóstolo dados oralmente, assim como da
transmissão oral desse ensinamento.
São
Paulo, também não poderia estar negando a Autoridade da Igreja,
quando proclama a origem divina da autoridade: “Toda a alma esteja
sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não
venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por
isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os
que resistem trarão sobre si mesmos a condenação” (Romanos
13,1-2); e a legitimidade desta para julgar: “Ousa algum de vós,
tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e
não perante os santos? (…) Não há, pois, entre vós sábios, nem
mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?” (1 Coríntios
6,1-5). E se um gesto vale mais que mil palavras, então Atos 15, que
narra o Concílio de Jerusalém provocado por Paulo em razão da
divergência com os que impunham a circuncisão aos pagãos
convertidos, é a maior confissão de fé que ele poderia fazer da
Autoridade da Igreja, pois havendo divergência sobre a doutrina, não
decidiu sozinho, mas levou a questão à Igreja.
Para
São Paulo, o Espírito Santo é que constituiu os bispos para que
apascentem a igreja de Deus, a qual Ele resgatou com seu próprio
sangue (Atos 20,28), a Igreja é o corpo mesmo de Cristo, pois afirma
que “Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador
do corpo (...) Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito
de Cristo e da igreja” (Efésios 5,23-32), e corpo é algo
visível, palpável, concreto, organizado, e capaz de agir. Ele
também ensina que a Igreja é a casa de Deus (ou seja, a família de
Deus, como normalmente o termo casa é empregado na Bíblia), ela é
“a coluna e firmeza da verdade” (1 Timóteo 3,15); e que a Igreja
vem de um desígnio eterno, e dela procede a revelação de Deus a
partir do Cristo (Efésios 3,9-11).
Em
resumo Paulo não proclamaria Sola
Scriptura,
sorrateiramente, num texto que não tem qualquer correlação com
esse tema, para negar, sem mais, seus próprios ensinamentos dados
oralmente, e não poucos ensinamentos postos por escrito sobre a
Tradição, a constituição, a natureza e a Autoridade da Igreja.
Assim,
para não ir além do que está escrito em 1 Cor. 4, 6, não se deve
fazer a extrapolação de que “o não acima do que escrito”, no meio
de uma reprimenda do orgulho e partidarismo dos coríntios, esteja,
na verdade, significando “Sola
Scriptura!:
somente deve ser crido o que se encontra escrito na Bíblia, rejeitem
tudo que eu não tenha ensinado por escrito, a Tradição,
transmitida por palavras e gestos, e a Autoridade da Igreja! Cada
qual leia as Escrituras e faça sua própria interpretação, e
julgue por si mesmo, pois nem o ensinamento nem a decisão de quem
quer que seja, um bispo, um Concílio, Kefas, vale coisa alguma,
somente a Escritura. Quanto aos que discordarem do seu entendimento
da Escritura, como você é livre para interpretá-la, separe-se
deles e crie sua própria igreja”. Essa é evidentemente a mensagem
oposta à da 1ª Carta aos Coríntios.
Concluamos que sendo o Sola
Scriptura
algo que não se pode deduzir de “o não acima do que está
escrito” no devido contexto, e sendo incompatível com a teologia
paulina, não há qualquer possibilidade de que 1 Coríntios 4,6 o
ensine.
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