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sábado, 26 de maio de 2018

EM DEFESA DA CULTURA CATÓLICA DO NOSSO POVO




Às vezes nos deparamos com críticas, vindas de adeptos de outras religiões, contra os traços de cultura católica do nosso povo. Insurgem-se contra feriados católicos, festas que honram figuras típicas do Catolicismo, como a Virgem Maria, questionam reformas de igrejas antigas, a aplicação de provas públicas aos sábados (com o que não concordam os adventistas), etc. Essas críticas simplesmente desconsideram que, embora o Estado seja laico, o povo brasileiro possui uma história e uma cultura católica e impregnada de Catolicismo, a qual merece consideração e respeito, e a qual ninguém pode pretender simplesmente desconsiderar e apagar.

Um exemplo imaginário pode nos ajudar a entender essa questão. Suponhamos que exista uma república onde dez jovens, daquele tipo farrista, beberrão, e namorador, moram faz alguns anos. Esse grupo já desenvolveu uma cultura própria, e regras próprias, um verdadeiro estilo de vida. Eles fazem churrascos regados a cerveja quase todos os dias, suas namoradas dormem na república e dividem com eles a cama frequentemente, o rock and roll em alto e bom som é frequentemente ouvido até às duas da manhã. Algumas das suas regras, e são poucas: todas as despesas são divididas igualmente, sem exceção, e as deliberações são tomadas coletivamente pelo voto da maioria.

Agora suponhamos que um jovem puritano, abstêmio e vegano, precisando de um local para morar, peça ser admitido na república. Os jovens, vendo a vantagem de mais um morador (mais um para dividir as despesas, afinal), o admitem. Ora, é possível, e até provável, que os fanfarrões o respeitem, se ele não quer participar dos churrascos, ou se quer assar legumes ali ao lado das carnes, se não quer beber, se vai se deitar cedo, tudo bem. Justo, razoável e provável que os fanfarrões não o vão incomodar, não vão interferir em seu estilo de vida.

Mas, e se o puritano recém chegado resolver impor seu estilo de vida? Ele vai querer acabar com os churrascos, com a música alta até a madrugada, com a cerveja, com as visitas das namoradas... Mas ele teria apenas um voto, contra dez. Seria natural, inevitável, e talvez justo, que ele fosse voto vencido, e que, se insistisse em seu intento, tornasse a convivência impossível.

Tolerância é, por definição, a aceitação da pessoa que professa ou segue uma ideia ou crença contrária, ou que se tem por errônea ou inadequada. Os jovens fanfarrões, ao permitirem que o puritano vegano more entre eles e mantenha-se seguindo seu próprio estilo de vida, estão sendo tolerantes, mesmo sendo maioria. Já o puritano recém-chegado, se exigir deles que mudem seu estilo de vida, estaria sendo intolerante, mesmo sendo minoria. Ele pode condenar veementemente o estilo de vida dos fanfarrões e até explicar-lhes que acha errado o que eles fazem, mas não pode tentar forçá-los a mudar. E quanto às regras do grupo, uma vez dentro dele, não se pode dizer serem injustas se são a todos aplicadas, quanto mais que elas não impedem que o diferente siga o seu modo de viver.

Pois bem, o Cristianismo, embora ainda mais antigo que isso, é a religião do Ocidente faz cerca de 1700 anos. Esse Cristianismo era unicamente o Catolicismo até cerca de 500 anos, portanto, por cerca de 1200 anos, sendo que Portugal manteve-se católico até recentemente. Até cerca de 100 anos atrás, o Catolicismo era a religião oficial do Brasil. Naturalmente, o Brasil é um país católico. Sua história está ligada ao Catolicismo, com suas igrejas, figuras, símbolos, moral, arte etc. Sua cultura está impregnada de Catolicismo. A maioria da população ainda é católica. Mesmo grande parte dos não católicos ainda têm influências católicas e ligações com a cultura católica, mesmo que adaptada a outras religiões e crenças.

Assim, quando se restaura uma igreja católica centenária, não se está investindo no patrimônio de uma religião, mas preservando o patrimônio histórico, artístico e cultural do nosso povo. Quando é instituído um feriado em dia de festa para os católicos, está sendo respeitada a vontade da maioria do nosso povo e sua cultura; quem quiser trabalhar no dia por ser de outra religião, não está proibido, mas não pode obrigar os outros. Quando é honrada publicamente uma figura como a Virgem Maria, é toda uma cultura que está sendo respeitada e considerada, numa expressão legítima do simbolismo que, mais que religioso, é popular. Quem não quiser que não participe. Quando provas ou atividades públicas são feitas no sábado, simplesmente está sendo seguida a cultura arraigada do nosso povo, que a minoria adepta de uma religião recente e exótica não pode pretender submeter a seus caprichos, o que, longe de significar tolerância, seria a suprema intolerância de uma minoria ditatorial.

Portanto, não procedem as críticas daqueles que não concordam com os dias santos, os feriados, o natal, e outros atos públicos que não se adéquam às suas religiões. Eles são livres para seguirem a religião ou crença que quiserem; eles têm sua liberdade religiosa respeitada, pois ninguém os obriga a serem católicos. Mas, em Terras de Santa Cruz, precisam respeitar a herança cultural, católica, do nosso povo.

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