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segunda-feira, 25 de junho de 2018

VALE A PENA "ANIMAR" A CELEBRAÇÃO DA MISSA?





Lembro-me das missas da minha infância no interior de Minas, o tom solene e grave que acompanhava a celebração, as orações recitadas com seriedade e respeito, o clima de reflexão e profundidade.

Nos últimos 30 anos pude observar uma mudança considerável. As missas passaram a ser celebradas com festividade, diria até excessiva festividade. As orações antes recitadas foram todas substituídas por cânticos "animados", que parecem escolhidos para manter alertas os sonolentos. O órgão foi substituído por uma gama de instrumentos, por vezes guitarras, sanfonas e baterias, e grupos de jovens substituíram os velhos corais.

Devo confessar que quando jovem eu queria uma missa rock and roll, e quando as coisas começaram a mudar para celebrações mais cantadas e "animadas", fiquei satisfeito.

Porém, hoje, não posso dizer senão que isso parece ter sido uma experiência mal sucedida.

Celebra-se a Missa porque esta é essencialmente uma festa. Mas não como um carnaval, antes como o casamento de um rei. Deus se faz presente, primeiro na oração, depois na Palavra, e enfim, em Corpo e Sangue no Sacramento da Eucaristia, o centro da Missa.

A absoluta solenidade da Missa portanto dispensa qualquer enfeite. Missa solene aliás é, bem dizer, um grande pleonasmo. Nada no mundo pode ser tão solene quanto a mais simplesmente celebrada das missas, pois nela o Deus único se faz presente em Corpo e Sangue - algo que Nosso Senhor fez questão de mostrar aos céticos repetidas vezes por meio de vários milagres eucarísticos que desafiam os homens de ciência há séculos.

Lembro-me que certa vez ouvi alguém dizer que não mais vai às missas dominicais porque "são sempre a mesma coisa". De fato, e assim devem ser pelos séculos dos séculos até o fim dos tempos. Pois a Missa não é para o homem mas para Deus, ela é sacrifício de louvor e adoração que faz memória e atualiza o sacrifício único e definitivo de Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz, assim como sua ressurreição gloriosa, tudo para nossa salvação.

Isso não significa, claro, que a Missa não possa ser celebrada de maneira mais festiva. O problema é com que objetivo, a quem isso agrada, e com quais efeitos?

Quem compreende o que é a Missa não precisa de nada disso. Antes prefere o tom solene e grave no encontro com o próprio Deus que se faz comida e bebida para os pecadores.

Lembro-me de um relato do ex-protestante Dr. Scott Hahn segundo o qual ele, antes de se reconciliar com a Igreja Católica, ao assistir por curiosidade a uma missa, vendo na celebração a vivificação da Sagrada Escritura, que ele estudara em profundidade, foi de tal modo impactado que se viu impulsionado fortemente rumo à reconciliação que viria algum tempo depois.

Então, retomando a questão, qual pode ser o público alvo dessa resmodelagem que parece pretender "animar" a Missa? Precisamente quem não sabe e não entende o que é a Missa.

O problema é que, nesse caso, continua sem saber ou entender. A "animação" não ensina nada sobre o que é a Missa, qual seu significado, nada diz de seu sublime valor. A "festividade" simplesmente alcança apenas o exterior. Pode encantar os olhos, os ouvidos, o corpo, pode até criar uma sensação de euforia, mas absolutamente não faz com que aquele que não conhece o real significado da Missa passe a conhecê-lo e possa "saborear" a Missa como a um banquete do rei.

Não bastasse isso, o fato é que qualquer seita pentecostal dá de dez a zero na mais festiva das paróquias, por motivos facilmente explicáveis. Então, quem acha um problema a Missa ser sempre a mesma coisa não permanece participando por muito tempo dela, por mais "animada" que seja. Tendencialmente, irá procurar alguma seita ou algo parecido, e ainda dar "testemunho" no púlpito de que"quando era católico" não tinha espiritualidade, não tinha relacionamento com Deus, não conhecia a Sagrada Escritura etc.

O contrário também ocorre: quem sabe o que é a Missa sente-se mal e mesmo desanimado pela falta de foco, de silêncio, de reflexão e de espiritualidade numa celebração que mais parece, em certos momentos, um show de forró ou sertanejo. Há fiéis católicos que vivem à caça de uma paróquia em que as missas sejam celebradas com foco no centro e não na periferia da liturgia.

Portanto, hoje sou forçado a concluir que as missas "festivas" não têm contribuído positivamente para a Igreja. Elas tendem a afastar tanto os fiéis esclarecidos quanto os frequentadores ignorantes aos quais supostamente deveriam atrair. E assim elas tendem a colaborar tanto para o aprofundamento da ignorância quanto para a expansão das seitas.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

MEDITAÇÃO SOBRE A AVE MARIA





Ave Maria, cheia de Graça”!

Com essa saudação do Arcanjo Gabriel começamos essa linda oração, marca da nossa fé católica, tão íntima é ela da devoção mariana desde os primeiros tempos.


Pensemos na cena: aquela que seria “a Mãe do meu Senhor” lá estava em seus afazeres. Talvez orando, ou meditando, ou cuidando da casa como qualquer menina de sua idade naquela disntante região. E chega o Anjo com essa saudação, que lhe foi tão espantosa.

Nós iniciamos a nossa oração com a mesma expressão: “Ave Maria, cheia de Graça”. Quão doces palavras que vieram do céu. Penso que ao dizermos isso Aquele que Era, que É e que Há de Vir certamente se regozija ao ver como amamos Sua amada Mãe, como recitamos aquelas palavras que O anunciaram!

Imagino Nossa Senhora sentindo um doce palpitar no seu castíssimo coração, ao ser novamente saudada por aquelas palavras tão distantes e tão importantes, únicas e celestiais. E como disse “sim!” naquele tempo também diz agora: “- Sim meu filho, estou aqui!”.

Então novamente repetimos as palavras celestiais: “o Senhor é convosco!”. Que mulher especial! Que um Anjo do Céu lhe saúda, lhe chama de Cheia de Graça, e diz que o Senhor é com ela. Que adoção maravilhosa, podermos participar dessa sublime família, a sua descendência dos que guardam os mandamentos de Deus e testemunham Nosso Senhor Jesus Cristo.


Deus é com Maria! Disse o Anjo. E se era naquele momento, Aquele que é constante, não se arrepende nem volta atrás, muito mais é com Ela agora, quando ela dizendo Sim! tornou-se mãe de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e de todos aqueles que fazem a sua vontade, pois Ele disse “este é meu irmão e minha irmã”

Ah se soubéssemos do céu que Deus é com alguém, correríamos a este com toda a força para ouvir suas palavras e pedir suas orações. E, no entanto, sabemos que Deus é com Maria, e que, por Seu Filho, somos também seus filhos! Que alegria! Que maravilha. Temos uma Mãe no Céu, e Deus é com ela para sempre!

E repetimos então aquilo que Isabel disse: “Bendita sois Vós entre as Mulheres”, “Bendito é o Fruto do Vosso ventre (Jesus)”.

Na oração da Ave Maria, fazemos pois este itinerário, descobrimos nossa mãe cheia de Graça, com Deus, e então Este fruto maravilhosíssimo nós louvamos assim, pois por Ele ela é bendita entre as mulheres, pois bendito é o fruto do seu ventre, que é Jesus, nosso Senhor e Salavador.

Que mulher maravilhosa, que mulher inigualável, Mãe do nosso Salvador! Nossa Mãe também.

Então, que diremos diante dela, senão, ecoando as palavras de Tomé que disse “Meu Senhor e Meu Deus!”, “Santa Maria, Mãe de Deus!”

Pois quão santa aquela cujo Senhor é com ela, quão excelsamente santa aquela que carregou o Santo dos Santos, pois o que lhe santifica é o próprio Deus com ela, que também se fez Deus conosco ao se fazer seu Filho!

Que podemos dizer mais diante dessa mulher, que podemos dizer mais diante dessa Mãe, tão amada por Nosso Senhor? Nada, apenas o que resume tudo: “rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte”!

Como estamos distantes de sua santidade óh Maria! Quanto nos falta para sermos com Deus! Quiséramos carregá-lo como vós! Somos pobres, somos pó, servos maus, servos inúteis! Indignos sequer de pensarmos no nome do Nosso Salvador. Tão cheios de pecado, tão sujos da concupiscência, tão imundos e contaminados que o Senhor bem deveria fazer-se distante de nós como os israelitas dos leprosos daquele tempo.

Mas o Senhor nos ama, não nos rejeita como deveria. E numa prova de infinito amor, nos deu algo maravilhoso: uma Mãe no céu para todos aqueles que O professam. Uma mãe cheia de Graça, que Deus é com ela, uma mãe excelente, santa, que é mãe de Deus também.

Quando estamos diante dela, e vemos como somos pecadores, pedimos como São Paulo: intercede por mim! Mãe, como sou pecador, imundo e maltrapilho, tosco e feio, roga por mim!

Uma mãe nunca abandona seus filhos. Maria esteve com Cristo no momento da sua dor, quando todos o abandonaram. Ela também está conosco enquanto carregamos nossa cruz, ela não nos abandona.


E como ela esteve com Cristo na sua morte, nós pedimos que ela interceda por nós no momento mais solitário e amedrontador da nossa existência. Mãe, roga por nós, conduz-nos a Vosso Filho Santíssimo!

Amém!