Padre
Flaviano Amatulli Valente* dizia que a Apologética e o Ecumenismo
são as duas faces da mesma moeda. Seu argumento era simples e,
podemos dizer, evidente: diálogo para quem aceita o diálogo,
Apologética
contra quem ataca, pois
insistir exclusivamente no
diálogo com quem apenas ataca e destrói
resultou no desastroso avanço
das seitas na América Latina, e
quem está firme na fé católica e
sabe defendê-la está
preparado para o diálogo quando ele é possível e oportuno.
De
fato, o diálogo sadio e o
entendimento somente é
possível com aqueles que se veem com respeito, que aceitam que o
outro possa ter algo da verdade. Entretanto seitas não faltam que
têm como ponto central de sua fé que a Igreja Católica Apostólica
Romana é a “Prostituta
do Apocalipse”, e que o
Papa é a
Besta ou o Anticristo, e que
os católicos são agentes de
Satanás, enquanto os fundadores ou líderes dessas seitas são tidos
como profetas ou o próprio
Cristo, e
que teriam
recebido instruções de um
anjo ou do próprio Deus. Estas
seitas são, naturalmente, fechadas a qualquer diálogo.
Ora,
nesses casos, resta-nos apenas
respeitar seus adeptos como
queremos que nos respeitem,
mas respondermos
pronta e cabalmente às suas acusações,
armados com a Verdade, calando-os como Nosso Mestre e Senhor calou
aos
Fariseus e Saduceus em seu tempo. Se a vida do cristão é lutar
contra o pecado, a mentira, a exploração, enfim, as várias faces e
golpes do Mal, não nos é permitido
abandonar a Apologética, a
defesa da nossa fé católica contra todas as injustas acusações.
Se cruzarmos os braços,
agimos como quem vê alguém ser dura e injustamente agredido e,
tendo meios seguros para defender a vítima, nada faz.
Deus
há de ter misericórdia daqueles que foram enganados e arrastados
pelo erro, o qual não estava em suas forças combater. Mas e aqueles
que, podendo, não defenderam a Verdade? E
que dizer daqueles que conscientemente preferiram insistir no erro?
Ou daqueles que, podendo esclarecer-se, mantiveram-se no erro por
descaso ou interesse? E daqueles que, no erro, mas sinceramente
convencidos de estarem na verdade, tornaram-se arrogantes
perseguidores da Verdade? Não devemos zelar pela salvação desses
irmãos? Seria então um gesto de amor enfrentá-los com zelo e
competência, conforme o mandamento do Senhor de que devemos corrigir
nosso irmão que erra, a quem podemos, com a Graça de Deus, vir a
ganhar.
No
mais, como o fogo se espalha
enquanto há o que queimar, a não ser que a água o detenha, o erro
somente faz espalhar-se entre os homens enquanto a verdade não o vem
deter.
Portanto, não podemos nos esquivar de combater o erro, com uma forte
Apologética baseada em fatos e argumentos.
Valente
lembra com propriedade que o Cristianismo perdeu a Ásia
(especialmente a China e o Japão) devido à divisão dos cristãos,
o que fez com que o Evangelho fosse levado dividido entre grupos que
competiam e se combatiam. Como são proféticas as Palavras do
Senhor, que orou para que todos os cristãos fossem um para que todo
o mundo cresse!
O
católico, portanto, seja clérigo ou leigo (este especialmente
quando bem capacitado), não pode fugir à responsabilidade de
defender sua fé quando a oportunidade o exige. Não podemos
confundir respeito com omissão e covardia, assim como não podemos
confundir combatividade com desrespeito, ofensa ou, Deus nos livre,
qualquer tipo de violência, pois nossa luta é espiritual, e nossa
arma é a palavra acertada que a Deus devemos pedir.
Cabe
aqui lembrar a lição do Venerável Fulton J. Sheen: “Não há
outro assunto em que o comum das pessoas é mais confuso do que o da
tolerância e da intolerância… Tolerância é devida somente às
pessoas, mas nunca a princípios. Intolerância aplica-se somente a
princípios, mas nunca a pessoas… Devemos ser tolerantes com os que
erram, porque a ignorância pode tê-los desencaminhado; mas devemos
ser intolerantes com o erro, porque a verdade não é nossa criação,
mas de Deus” (The Curse of Brodmindedness).
Saibamos
pois respeitar, dialogar, e chegar à paz e ao entendimento com os
que nos permitem, mas defender nossa fé, e, em última análise, o
próprio Cristo, com o exercício da sã Apologética, quando não
nos resta senão expor o Erro e confrontá-lo à Verdade.
*
Padre Flaviano Amatulli Valente, 23-05-1938 a 01-06-2018, sacerdote
italiano radicado no México que se dedicou à defesa da Igreja
Católica contra as seitas protestantes na América Latina, escreveu
vários livros sobre o tema, alguns traduzidos para o Português.
Seus livros podem ser encontrados em https://edicionesapostoles.com,
e versões e-book em
https://play.google.com/store/books/author?id=Flaviano+Amatulli+Valente.
Conferir o artigo “Apologética y Ecumenismo: Dos caras de la misma
moneda” em
https://es.aleteia.org/2014/08/04/apologetica-y-ecumenismo-dos-caras-de-la-misma-moneda.
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