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segunda-feira, 25 de junho de 2018

VALE A PENA "ANIMAR" A CELEBRAÇÃO DA MISSA?





Lembro-me das missas da minha infância no interior de Minas, o tom solene e grave que acompanhava a celebração, as orações recitadas com seriedade e respeito, o clima de reflexão e profundidade.

Nos últimos 30 anos pude observar uma mudança considerável. As missas passaram a ser celebradas com festividade, diria até excessiva festividade. As orações antes recitadas foram todas substituídas por cânticos "animados", que parecem escolhidos para manter alertas os sonolentos. O órgão foi substituído por uma gama de instrumentos, por vezes guitarras, sanfonas e baterias, e grupos de jovens substituíram os velhos corais.

Devo confessar que quando jovem eu queria uma missa rock and roll, e quando as coisas começaram a mudar para celebrações mais cantadas e "animadas", fiquei satisfeito.

Porém, hoje, não posso dizer senão que isso parece ter sido uma experiência mal sucedida.

Celebra-se a Missa porque esta é essencialmente uma festa. Mas não como um carnaval, antes como o casamento de um rei. Deus se faz presente, primeiro na oração, depois na Palavra, e enfim, em Corpo e Sangue no Sacramento da Eucaristia, o centro da Missa.

A absoluta solenidade da Missa portanto dispensa qualquer enfeite. Missa solene aliás é, bem dizer, um grande pleonasmo. Nada no mundo pode ser tão solene quanto a mais simplesmente celebrada das missas, pois nela o Deus único se faz presente em Corpo e Sangue - algo que Nosso Senhor fez questão de mostrar aos céticos repetidas vezes por meio de vários milagres eucarísticos que desafiam os homens de ciência há séculos.

Lembro-me que certa vez ouvi alguém dizer que não mais vai às missas dominicais porque "são sempre a mesma coisa". De fato, e assim devem ser pelos séculos dos séculos até o fim dos tempos. Pois a Missa não é para o homem mas para Deus, ela é sacrifício de louvor e adoração que faz memória e atualiza o sacrifício único e definitivo de Nosso Senhor Jesus Cristo na cruz, assim como sua ressurreição gloriosa, tudo para nossa salvação.

Isso não significa, claro, que a Missa não possa ser celebrada de maneira mais festiva. O problema é com que objetivo, a quem isso agrada, e com quais efeitos?

Quem compreende o que é a Missa não precisa de nada disso. Antes prefere o tom solene e grave no encontro com o próprio Deus que se faz comida e bebida para os pecadores.

Lembro-me de um relato do ex-protestante Dr. Scott Hahn segundo o qual ele, antes de se reconciliar com a Igreja Católica, ao assistir por curiosidade a uma missa, vendo na celebração a vivificação da Sagrada Escritura, que ele estudara em profundidade, foi de tal modo impactado que se viu impulsionado fortemente rumo à reconciliação que viria algum tempo depois.

Então, retomando a questão, qual pode ser o público alvo dessa resmodelagem que parece pretender "animar" a Missa? Precisamente quem não sabe e não entende o que é a Missa.

O problema é que, nesse caso, continua sem saber ou entender. A "animação" não ensina nada sobre o que é a Missa, qual seu significado, nada diz de seu sublime valor. A "festividade" simplesmente alcança apenas o exterior. Pode encantar os olhos, os ouvidos, o corpo, pode até criar uma sensação de euforia, mas absolutamente não faz com que aquele que não conhece o real significado da Missa passe a conhecê-lo e possa "saborear" a Missa como a um banquete do rei.

Não bastasse isso, o fato é que qualquer seita pentecostal dá de dez a zero na mais festiva das paróquias, por motivos facilmente explicáveis. Então, quem acha um problema a Missa ser sempre a mesma coisa não permanece participando por muito tempo dela, por mais "animada" que seja. Tendencialmente, irá procurar alguma seita ou algo parecido, e ainda dar "testemunho" no púlpito de que"quando era católico" não tinha espiritualidade, não tinha relacionamento com Deus, não conhecia a Sagrada Escritura etc.

O contrário também ocorre: quem sabe o que é a Missa sente-se mal e mesmo desanimado pela falta de foco, de silêncio, de reflexão e de espiritualidade numa celebração que mais parece, em certos momentos, um show de forró ou sertanejo. Há fiéis católicos que vivem à caça de uma paróquia em que as missas sejam celebradas com foco no centro e não na periferia da liturgia.

Portanto, hoje sou forçado a concluir que as missas "festivas" não têm contribuído positivamente para a Igreja. Elas tendem a afastar tanto os fiéis esclarecidos quanto os frequentadores ignorantes aos quais supostamente deveriam atrair. E assim elas tendem a colaborar tanto para o aprofundamento da ignorância quanto para a expansão das seitas.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

MEDITAÇÃO SOBRE A AVE MARIA





Ave Maria, cheia de Graça”!

Com essa saudação do Arcanjo Gabriel começamos essa linda oração, marca da nossa fé católica, tão íntima é ela da devoção mariana desde os primeiros tempos.


Pensemos na cena: aquela que seria “a Mãe do meu Senhor” lá estava em seus afazeres. Talvez orando, ou meditando, ou cuidando da casa como qualquer menina de sua idade naquela disntante região. E chega o Anjo com essa saudação, que lhe foi tão espantosa.

Nós iniciamos a nossa oração com a mesma expressão: “Ave Maria, cheia de Graça”. Quão doces palavras que vieram do céu. Penso que ao dizermos isso Aquele que Era, que É e que Há de Vir certamente se regozija ao ver como amamos Sua amada Mãe, como recitamos aquelas palavras que O anunciaram!

Imagino Nossa Senhora sentindo um doce palpitar no seu castíssimo coração, ao ser novamente saudada por aquelas palavras tão distantes e tão importantes, únicas e celestiais. E como disse “sim!” naquele tempo também diz agora: “- Sim meu filho, estou aqui!”.

Então novamente repetimos as palavras celestiais: “o Senhor é convosco!”. Que mulher especial! Que um Anjo do Céu lhe saúda, lhe chama de Cheia de Graça, e diz que o Senhor é com ela. Que adoção maravilhosa, podermos participar dessa sublime família, a sua descendência dos que guardam os mandamentos de Deus e testemunham Nosso Senhor Jesus Cristo.


Deus é com Maria! Disse o Anjo. E se era naquele momento, Aquele que é constante, não se arrepende nem volta atrás, muito mais é com Ela agora, quando ela dizendo Sim! tornou-se mãe de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e de todos aqueles que fazem a sua vontade, pois Ele disse “este é meu irmão e minha irmã”

Ah se soubéssemos do céu que Deus é com alguém, correríamos a este com toda a força para ouvir suas palavras e pedir suas orações. E, no entanto, sabemos que Deus é com Maria, e que, por Seu Filho, somos também seus filhos! Que alegria! Que maravilha. Temos uma Mãe no Céu, e Deus é com ela para sempre!

E repetimos então aquilo que Isabel disse: “Bendita sois Vós entre as Mulheres”, “Bendito é o Fruto do Vosso ventre (Jesus)”.

Na oração da Ave Maria, fazemos pois este itinerário, descobrimos nossa mãe cheia de Graça, com Deus, e então Este fruto maravilhosíssimo nós louvamos assim, pois por Ele ela é bendita entre as mulheres, pois bendito é o fruto do seu ventre, que é Jesus, nosso Senhor e Salavador.

Que mulher maravilhosa, que mulher inigualável, Mãe do nosso Salvador! Nossa Mãe também.

Então, que diremos diante dela, senão, ecoando as palavras de Tomé que disse “Meu Senhor e Meu Deus!”, “Santa Maria, Mãe de Deus!”

Pois quão santa aquela cujo Senhor é com ela, quão excelsamente santa aquela que carregou o Santo dos Santos, pois o que lhe santifica é o próprio Deus com ela, que também se fez Deus conosco ao se fazer seu Filho!

Que podemos dizer mais diante dessa mulher, que podemos dizer mais diante dessa Mãe, tão amada por Nosso Senhor? Nada, apenas o que resume tudo: “rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte”!

Como estamos distantes de sua santidade óh Maria! Quanto nos falta para sermos com Deus! Quiséramos carregá-lo como vós! Somos pobres, somos pó, servos maus, servos inúteis! Indignos sequer de pensarmos no nome do Nosso Salvador. Tão cheios de pecado, tão sujos da concupiscência, tão imundos e contaminados que o Senhor bem deveria fazer-se distante de nós como os israelitas dos leprosos daquele tempo.

Mas o Senhor nos ama, não nos rejeita como deveria. E numa prova de infinito amor, nos deu algo maravilhoso: uma Mãe no céu para todos aqueles que O professam. Uma mãe cheia de Graça, que Deus é com ela, uma mãe excelente, santa, que é mãe de Deus também.

Quando estamos diante dela, e vemos como somos pecadores, pedimos como São Paulo: intercede por mim! Mãe, como sou pecador, imundo e maltrapilho, tosco e feio, roga por mim!

Uma mãe nunca abandona seus filhos. Maria esteve com Cristo no momento da sua dor, quando todos o abandonaram. Ela também está conosco enquanto carregamos nossa cruz, ela não nos abandona.


E como ela esteve com Cristo na sua morte, nós pedimos que ela interceda por nós no momento mais solitário e amedrontador da nossa existência. Mãe, roga por nós, conduz-nos a Vosso Filho Santíssimo!

Amém!

sábado, 26 de maio de 2018

EM DEFESA DA CULTURA CATÓLICA DO NOSSO POVO




Às vezes nos deparamos com críticas, vindas de adeptos de outras religiões, contra os traços de cultura católica do nosso povo. Insurgem-se contra feriados católicos, festas que honram figuras típicas do Catolicismo, como a Virgem Maria, questionam reformas de igrejas antigas, a aplicação de provas públicas aos sábados (com o que não concordam os adventistas), etc. Essas críticas simplesmente desconsideram que, embora o Estado seja laico, o povo brasileiro possui uma história e uma cultura católica e impregnada de Catolicismo, a qual merece consideração e respeito, e a qual ninguém pode pretender simplesmente desconsiderar e apagar.

Um exemplo imaginário pode nos ajudar a entender essa questão. Suponhamos que exista uma república onde dez jovens, daquele tipo farrista, beberrão, e namorador, moram faz alguns anos. Esse grupo já desenvolveu uma cultura própria, e regras próprias, um verdadeiro estilo de vida. Eles fazem churrascos regados a cerveja quase todos os dias, suas namoradas dormem na república e dividem com eles a cama frequentemente, o rock and roll em alto e bom som é frequentemente ouvido até às duas da manhã. Algumas das suas regras, e são poucas: todas as despesas são divididas igualmente, sem exceção, e as deliberações são tomadas coletivamente pelo voto da maioria.

Agora suponhamos que um jovem puritano, abstêmio e vegano, precisando de um local para morar, peça ser admitido na república. Os jovens, vendo a vantagem de mais um morador (mais um para dividir as despesas, afinal), o admitem. Ora, é possível, e até provável, que os fanfarrões o respeitem, se ele não quer participar dos churrascos, ou se quer assar legumes ali ao lado das carnes, se não quer beber, se vai se deitar cedo, tudo bem. Justo, razoável e provável que os fanfarrões não o vão incomodar, não vão interferir em seu estilo de vida.

Mas, e se o puritano recém chegado resolver impor seu estilo de vida? Ele vai querer acabar com os churrascos, com a música alta até a madrugada, com a cerveja, com as visitas das namoradas... Mas ele teria apenas um voto, contra dez. Seria natural, inevitável, e talvez justo, que ele fosse voto vencido, e que, se insistisse em seu intento, tornasse a convivência impossível.

Tolerância é, por definição, a aceitação da pessoa que professa ou segue uma ideia ou crença contrária, ou que se tem por errônea ou inadequada. Os jovens fanfarrões, ao permitirem que o puritano vegano more entre eles e mantenha-se seguindo seu próprio estilo de vida, estão sendo tolerantes, mesmo sendo maioria. Já o puritano recém-chegado, se exigir deles que mudem seu estilo de vida, estaria sendo intolerante, mesmo sendo minoria. Ele pode condenar veementemente o estilo de vida dos fanfarrões e até explicar-lhes que acha errado o que eles fazem, mas não pode tentar forçá-los a mudar. E quanto às regras do grupo, uma vez dentro dele, não se pode dizer serem injustas se são a todos aplicadas, quanto mais que elas não impedem que o diferente siga o seu modo de viver.

Pois bem, o Cristianismo, embora ainda mais antigo que isso, é a religião do Ocidente faz cerca de 1700 anos. Esse Cristianismo era unicamente o Catolicismo até cerca de 500 anos, portanto, por cerca de 1200 anos, sendo que Portugal manteve-se católico até recentemente. Até cerca de 100 anos atrás, o Catolicismo era a religião oficial do Brasil. Naturalmente, o Brasil é um país católico. Sua história está ligada ao Catolicismo, com suas igrejas, figuras, símbolos, moral, arte etc. Sua cultura está impregnada de Catolicismo. A maioria da população ainda é católica. Mesmo grande parte dos não católicos ainda têm influências católicas e ligações com a cultura católica, mesmo que adaptada a outras religiões e crenças.

Assim, quando se restaura uma igreja católica centenária, não se está investindo no patrimônio de uma religião, mas preservando o patrimônio histórico, artístico e cultural do nosso povo. Quando é instituído um feriado em dia de festa para os católicos, está sendo respeitada a vontade da maioria do nosso povo e sua cultura; quem quiser trabalhar no dia por ser de outra religião, não está proibido, mas não pode obrigar os outros. Quando é honrada publicamente uma figura como a Virgem Maria, é toda uma cultura que está sendo respeitada e considerada, numa expressão legítima do simbolismo que, mais que religioso, é popular. Quem não quiser que não participe. Quando provas ou atividades públicas são feitas no sábado, simplesmente está sendo seguida a cultura arraigada do nosso povo, que a minoria adepta de uma religião recente e exótica não pode pretender submeter a seus caprichos, o que, longe de significar tolerância, seria a suprema intolerância de uma minoria ditatorial.

Portanto, não procedem as críticas daqueles que não concordam com os dias santos, os feriados, o natal, e outros atos públicos que não se adéquam às suas religiões. Eles são livres para seguirem a religião ou crença que quiserem; eles têm sua liberdade religiosa respeitada, pois ninguém os obriga a serem católicos. Mas, em Terras de Santa Cruz, precisam respeitar a herança cultural, católica, do nosso povo.

terça-feira, 13 de março de 2018

Por que as acusações protestantes contra a Igreja Católica são destituídas de qualquer fundamento



Decomplicando o Sola Scriptura

O Protestantismo se estrutura a partir da doutrina de que tudo deve estar expresso na Bíblia – Sola Scriptura – a qual deve ser interpretada livre e literalmente. Daí todas as acusações contra a Igreja Católica seguirem a mesma ladainha: isto não está na Bíblia, aquilo não está na Bíblia, o livro tal, capítulo, versículo tal diz isso... a conversa de sempre.

Cabe ressaltar a dependência total e absoluta do Protestantismo para com o Sola Scriptura. Quando o Protestantismo surgiu o Cristianismo já tinha cerca de 1500 anos, e a Autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana no Ocidente, e das Igrejas Ortodoxas no Oriente, era algo pacífico, sem nenhuma contestação séria. A Autoridade da Igreja vinha da sucessão apostólica do bispo de Roma, o Papa. Ser cristão, no Ocidente, era pertencer a essa Igreja, não pertencer a esta era não ser cristão. Como o Protestantismo não podia invocar essa autoridade, mas precisava confrontá-la, o recurso foi proclamar Somente a Bíblia, isto é, ninguém tem autoridade para ensinar a fé, nem interpretar a Bíblia, e a Tradição não pode sustentar pontos de fé.

Já escrevi várias vezes, e até um livro (você pode baixar e ler aqui), sobre o desacerto dessa doutrina, mas como o tema é recorrente, escrevo esse artigo para esclarecer, de modo simples e direto, o porque simplesmente não há motivo para dar ouvidos aos discursos protestestantes contra a Igreja Católica.

O problema todo é que, segundo o Sola Scriptura, tudo tem que estar expresso na Bíblia (como os protestantes exigem que os dogmas e práticas católicas estejam), então essa exigência mesma precisa estar expressa na Bíblia. Óbvio!

Claro que aí os defensores do Protestantismo apresentam este ou aquele versículo que supostamente teriam essa doutrina implícita (espera aí, mas não tem que estar explícito? Não é o que exigem dos dogmas católicos?...).

Porém, quem já estudou teoria dos conjuntos (isso inclui crianças do 5º ano do ensino fundamental, lembra?, “pertence a”, “não pertence a”, “está contido”, “não está contido”, e sim, isso serve para alguma coisa!), sabe muito bem que para dizer que um elemento não pertence a um conjunto é preciso ter o número e a identidade de seus elementos. Como o alfabeto: o álef (letra do alfabeto hebraico) não faz parte do alfabeto da língua portuguesa porque este tem definidas as 26 letras que o compõem, “abcd...xyz”, e o álef não faz parte, não pertence a esse conjunto. Em outras palavras, só é possível haver exclusão de um conjunto, se o conjunto é fechado, definido e determinado.

O que isso tem a ver? Simples, se a Bíblia é o conjunto exclusivo da Palavra de Deus, ela precisa ser um conjunto fechado, definido, com seus elementos determinados. Mas eles são, correto? Sim, mas não pela própria Bíblia. Não há nenhum livro bíblico que diga o número e a identidade dos elementos (livros) que compõe a Bíblia. Portanto, essa definição é extrabíblica. Assim, se somente vale o que está na Bíblia, a própria Bíblia não existe...

Por outro lado, se a própria Bíblia não define o próprio conjunto, então ela não pode e nem poderia afirmar que esse conjunto é exclusivo (somente ele é a Palavra de Deus). Então, vãs são todas as tentativas de provar o Sola Scriptura com base na Escritura (Bíblia). E se ele não está na Escritura, e se somente é verdade o que está na Escritura, ele se destroi. E se o fundamento cai, todo o edifício cai com ele (já viu um prédio no ar?).

Sem o Sola Scriptura, sem o Protestantismo. Sobra a Autoridade da Igreja, e a Tradição ao lado e integrada à Escritura. Nem tudo tem que estar na Bíblia, e o texto da Bíblia tem interpretação oficial, dogmática, no Magistério, em que a Igreja exerce sua Autoridade.

Portanto, até que se prove que o afirmado acima é falso, e que o Sola Scriptura é verdadeiro, que este é clara e expressamente ensinado pela Bíblia (o que, na verdade, não pode ser feito, por uma questão de lógica), nenhuma afirmação do Protestantismo contra a Igreja Católica, nenhuma, nada, merece consideração.

FIM

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

NÓS VENERAMOS MARIA A MÃE DE JESUS




NÓS VENERAMOS MARIA A MÃE DE JESUS
Não adoramos uma deusa pagã

Nós VENERAMOS a Virgem Maria, e temos base bíblica e tradicional para isso - Jesus não nas deu como Mãe na Cruz? Ela não é mãe dos que seguem seu filho como nos diz Apocalipse 12? 

As deusas pagãs, como o próprio nome diz eram ADORADAS como deusas. Nós adoramos apenas o único e verdadeiro Deus, e por isso amamos quem O amou, especialmente aquela que O amou mais que todos os outros juntos, e que Ele mesmo ama de um modo especial, pois qual filho perfeito e santo não amaria a sua mãe plenamente? 

Maria é mãe, é exemplo para os cristãos, e é irmã que ora conosco, pois como poderia amar o seu filho e desdenhar dos que O amam, e que Ele ama ardentemente a ponto de por eles ter sofrido e dado a vida? 

É natural que o povo que um dia adorou falsos deuses e ídolos, seguindo mitos e fábulas, ao descobrir o verdadeiro Deus encarnado visse também a sua mãe e logo percebesse seu valor, e abandonando aqueles deuses falsos e volvendo-se a ADORAR o único e verdadeiro Deus, VENERARIA, amando e tendo como exemplo e irmãos orantes intercessores aqueles que O amam e estão na Glória, e a primeira de todos esses, não há como negar, é Maria.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Nada mais que a Bíblia X Nada mais que a Lógica



O Protestantismo baseia-se no Sola Scriptura. Fato.
Sola Scriptura diz "a Bíblia, nada mais que a Bíblia" (Spurgeon) e nega toda tradição extra bíblica. Fato.
A Bíblia é a reunião de textos que foram escritos por diferentes pessoas em diferentes tempos e lugares. Fato.
*Logo, a Bíblia foi formada depois de seus textos terem sido escritos.
*Logo, seus textos não poderiam dizer somente a Bíblia, algo que ainda não existia.
*‎Logo, o Sola Scriptura não está na Bíblia.
*‎Logo, o Sola Scriptura é uma tradição do Protestantismo.
*‎Logo, o Sola Scriptura nega a si mesmo. Conclusão.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Aprendam a não ir além do que está escrito


Algumas pessoas têm pretendido que em 1 Coríntios 4, 6, estaria a enunciação do princípio formal do Protestantismo, Sola Scriptura, somente a Bíblia, na expressão “não ir além do que está escrito”. Façamos então uma leitura atenta dessa expressão sem ir além do que está realmente escrito.

Ocorre que o que no original, em grego, a expressão é, literalmente, “o não acima do que escrito”. É uma frase sem verbo, por isso nas traduções é acrescentado algum verbo que se supõe implícito no texto (Cf. nota NABRE). Assim a tradução envolve sempre uma conjectura sobre o significado dessa expressão, e para ser legítima deve se conformar ao contexto de todo o versículo em que São Paulo faz a admoestação de que os coríntios não devem se orgulhar por causa de um mestre em relação a outro (Fee).

A ausência de verbo faz pensar que se trate de um provérbio conhecido na época (Cevallos), sendo esta a principal interpretação desse texto (Kistemaker).

Outra conjectura, e são sempre conjecturas, é a proposta pelo teólogo protestante holandês Johannes Baljon, de que esse texto, na verdade, é um acréscimo posterior ao original, que acabou sendo copiado na sequência (glosa), algo que a crítica textual mostra ser factível.

Seja como for, uma coisa é certa, não está escrito “a Bíblia, toda a Bíblia, e nada mais que a Bíblia” (Spurgeon). Nem está escrito que tudo que deve ser crido ou obedecido encontra-se em algum ponto claramente na Bíblia (Confissão de fé de Westminster), nem que deva ser rejeitada a autoridade da Igreja, da Tradição, dos Concílios etc. (Declaração de Cambridge).

Mas se queremos saber o que está escrito de fato, está escrito que as tradições transmitidas oralmente devem ser guardadas com o mesmo zelo das transmitidas por escrito (2 Ts 2, 15), que o ensino recebido deve ser transmitido por sucessão (2 Tm 2, 2), que a igreja tem autoridade para apreciar questões de fé (Atos 15), é o corpo de Cristo que é sua cabeça (Ef 5, 23-32), estrutura-se com uma liderança visível (Mt 16, 18), e sua autoridade deve ser respeitada (Rm 13, 1-2), que a “casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3, 15).

Assim não indo além do que está escrito na Bíblia, não há alternativa senão reconhecer o erro do Sola Scriptura, e de todo o Protestantismo que nele se baseia.

Referências
Gordon D. Fee, The New International Commentary on the New Testament: The First Epistle to the Corinthians, Eerdmans, 1987, p. 166, original em inglês.
Juan Carlos Cevallos e outros (eds.), Comentario Bíblico Mundo Hispano, tomo 20, 1 y 2 Corintios, Editorial Hispano, 2003, p. 68.
Simon J. Kistemaker, Comentário do Novo Testamento, Editora Cultura Cristã, 2003, pp. 194-195.
Johannes Marinus Simon Baljon, De Tekst der Brieven van Paulus aan de Romeinen, de Corinthiërs en de Galatiërs als voorwerp van de conjecturaalkritiek beschouwd, Utrecht 1884, pp. 49–51.
Charles Haddon Spurgeon, The Eternal Name, em Spurgeon's Sermons Volume 01: 1855, Christian Classics Ethereal Library, p. 289.


Imagem: Códice Sinaítico (http://www.codexsinaiticus.org) com o trecho de 1 Cor 4, 6  "não acima do que está escrito" destacado.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Deus nos livre de um Brasil evangélico (do site do "Pastor" Ricardo Gondim)




Ricardo Gondim*

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles em avenidas da cidade com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação à bobagem estampada publicamente; hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. Antes explico: eu gostaria de ver o Brasil permeado com a elegância, solidariedade, inclusão e compaixão do Evangelho. Mas a mensagem subliminar dos outdoors, para quem conhece a cultura do movimento evangélico, é outra. Os evangélicos sonham com o dia em que cidade, estado e país se convertam em massa, e a terra dos tupiniquins tenha a cara de suas denominações.

Afirmo que o sonho é que haja um “avivamento” religioso que leve uma enxurrada de gente para os templos evangélicos. Não reside entre os teólogos do movimento qualquer desejo de que valores cristãos influenciem a cultura brasileira. Eles anelam tão somente que o subgrupo, descendente distante dos protestantes, prevaleça. A eles não interessa que haja um veloz crescimento numérico entre católicos romanos; que ortodoxos sírios, russos, armênios ou gregos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse a tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra calvinista brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo não inglês, mas moreno. Caso acontecesse, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Respondo: seriam execrados como diabólicos, devassos e pervertedores dos bons costumes. Não gosto nem de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Um Brasil evangélico empobreceria, já que sobrariam as péssimas poesias do cancioneiro gospel. As rádios tocariam sem parar músicas horrorosas como “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”.

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos calvinistas provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse Charles Darwin como “alucinado inimigo da fé”. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos. Derridá nunca teria uma tradução para o português. O que dizer de rebeldes como Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, seriam pesquisados como desajustados. Ganhariam rótulos para serem desmerecidos a priori como loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. A alegria do futebol morreria; alguma lei proibiria ir ao estádio ou ligar televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada de várzea, aconteceria quando? Haveria multa ou surra para palavrão?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu. Basta uma espiada no histórico de Suas Excelências da bancada evangélica nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para se apavorar. Se, ainda minoria, a bancada evangélica na Câmara Federal é campeã em faltas e em processos no STF, imagina dominando o parlamento.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura estadunidense. Obcecados em implementar os “valores da família”, tão caros ao partido republicano dos Estados Unidos, recrudesceria a teologia de causa-e-efeito, cármica, do “quem planta, colhe”. Vingaria o sucesso como aferidor da bênção de Deus.

Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica. Uma nova elite religiosa (os ungidos) destilaria maldição contra os “inimigos da fé”, os “idólatras”, os “hereges”, com mais perversidade do que aiatolás iranianos. Ficaria mais fácil falar de inferno e mandar para lá todo mundo que rejeitasse algumas lógicas tidas como ortodoxas.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro perguntando: Como seria uma emissora liderada por evangélicos? Adianto: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, os textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado, a qualquer livro da série “Deixados para Trás” do fundamentalista de direita, Tim LaHaye. O demagogo Max Lucado (que abençoou a decisão de Bush bombardear o Iraque) não calça o chinelo de Mário Benedetti.

Toda a teocracia um dia se tornará totalitária. Toda a tentativa de homogeneizar a cultura precisa se valer de obscurantismo. Todo o esforço de higienizar os costumes é moralista e hipócrita.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Jesus jamais pretendeu anular os costumes de povos não-judeus. Daí ele celebrar a fé em um centurião, adorador no paganismo romano, como especial e digna de elogio. Cristo afirmou que, entre criteriosos fariseus, ninguém tinha uma espiritualidade tão única e bela como daquele soldado que se preocupou com o escravo.

Levar a Boa Notícia – Evangelho – não significa exportar cultura, criar dialeto ou forçar critérios morais. Na evangelização, fica implícito que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, como sempre fizeram. O evangelho convoca à pratica da justiça; cria meios de solidariedade; procura gestar homens e mulheres distintos; imprime em pessoas o mesmo espírito que moveu Jesus a praticar o bem.

Há estudos sociológicos que apontam estagnação quando o movimento evangélico chegar a 35% da população brasileira. Esperemos que sim. Caso alcançasse a maioria, com os anseios totalitários e teocráticos que já demonstra, o movimento desenvolveria mecanismos para coibir a liberdade. Acontece que Deus não rivaliza a liberdade humana, mas é seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.


* Teólogo brasileiro, presidente nacional da Igreja Betesda, presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos, conferencista. (Wikipédia)

Texto reproduzido de: http://www.ricardogondim.com.br/meditacoes/deus-nos-livre-de-um-brasil-evangelico/.

Nota: Quando dizem que o Brasil está para ser engolido pelos "evangélicos", não podemos deixar de divulgar a opinião de um pastor protestante que percebe que isso seria um retrocesso. Não necessariamente concordamos inteiramente com todos os pontos de vista expressos no texto.

DEUS VULT: como o estudo da fé católica me levou ao catolicismo (do site "O Fiel Católico")



PUBLICAMOS O BELÍSSIMO testemunho de conversão de João Marcos, leitor que veio graciosamente compartilhar conosco sua inspiradora história. Consideramos que o texto tenha em si grande valor, porque além de motivar tantas outras pessoas que vivem histórias semelhantes (e que nos contatam quase diariamente), contém uma boa lista de indicações bibliográficas e de webpagesque lhe foram de auxílio, – e que certamente poderão auxiliar também a muitos outros de nossos leitores. Segue...

Não existem cem pessoas que odeiam a Igreja Católica, mas existem milhões que odeiam aquilo que pensam ser a Igreja Católica.”
(Venerável Arcebispo Fulton Sheen)

Este é o relato da minha conversão ao Catolicismo. É uma história pessoal, não um tratado de Teologia nem uma tentativa para converter alguém. Escrevi este relato para organizar meus pensamentos e facilitar quando perguntarem os motivos da minha conversão. No decorrer do texto indiquei vários livros ao leitor interessado em compreender os motivos que me levaram a tomar a decisão de seguir a Igreja Católica Apostólica Romana. Ao final eu proponho um roteiro de leituras para entender a fé católica e examinar as acusações que fazem à Igreja.

AVISO: Peço que leia os livros recomendados, em especial aqueles destacados em negrito, antes de tentar rebater as palavras aqui escritas. Não voltei para a Igreja por capricho ou comodismo; essa decisão custou muito esforço, oração e alguns sacrifícios. Esperar o mesmo do leitor é um ato de justiça. Quando o leitor discordar de algum ponto, o correto é buscar conhecer mais profundamente o que ensina a Igreja sobre o tema, o que dizem os grandes padres e apologistas católicos e então comparar com suas crenças. Aí sim o leitor poderá fazer um juízo sobre a fé. Só assim as suas palavras terão valor suficiente para serem ouvidas por mim. Ou como dizia um célebre e polêmico brasileiro: “Eu acho que o direito de ter opinião é proporcional ao interesse sincero que você tem pelo assunto. Se você não tem interesse pelo assunto para você sequer ler alguma coisa, por que nós devemos ter interesse de ouvir a sua opinião? ” (True Outspeak – 10.03.2008)

* * *

Sempre fui cristão. Fui batizado na Igreja Católica quando eu era um bebê. Por volta dos meus 6 anos, eu e minha família fomos para a igreja protestante. Desde então, minha família frequentou inúmeras denominações, quase todas tradicionais, e nunca mais tive contato com o catolicismo.


A 'Idade das Trevas'

Com o advento do "Facebook" logo me envolvi em discussões com ateus (eu prefiro chamá-los “neoateus”, por fazerem parte de uma geração recente de ateus militantes e superficiais cujo maior “guru” é Richard Dawkins, mas tem entre seus expositores famosos Neil deGrasse Tyson, Sam Harris e Christopher Hitchens). Não tardou em aparecer o famoso argumento da Idade das Trevas: durante o período de mil anos entre 500-1500 a Igreja Católica oprimiu o Ocidente através do misticismo e da ocultação do conhecimento, além de perseguir oponentes por meio da Inquisição. Isto bastava para comprovar que a religião, especialmente o Cristianismo, está na contramão do progresso, da ciência e da liberdade individual.
Sendo cristão é meu dever conhecer e testemunhar da verdade. Então comecei a estudar a tal Idade das Trevas para verificar se a Igreja foi responsável por tamanha crueldade. Pobre de mim! Descobri que aconteceu exatamente o contrário: num milênio de caos, fragmentação política, invasões de povos selvagens e peste, a Igreja foi a única instituição ocidental a manter-se estável, um verdadeiro porto seguro. O conhecimento da época dos gregos e romanos foi preservado através de muito trabalho dos clérigos católicos, como por exemplo os monges copistas, responsáveis por copiar livros inteiros à mão. Em vez de combater a ciência, a Igreja foi por muitos séculos a única instituição a fomentar o desenvolvimento científico na Europa. Ela foi a criadora das universidades, seus clérigos traduziram muitas obras da época romana e grega, além de permitir que debates acalorados com pensadores de outras culturas acontecessem dentro das suas universidades.

Essas e outras contribuições da Igreja Católica ao mundo ocidental estão cuidadosamente listadas no livro "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", de Thomas Woods Jr (
baixe gratuitamente aqui).

Quanto à famosa Inquisição minha surpresa foi ainda maior: aproximadamente 2000 pessoas foram condenadas à morte pelos Tribunais da Inquisição medievais (1231-1400dC). Durante as inquisições da Espanha e Portugal, as mais violentas, 6000 pessoas morreram nos 500 anos de duração dos tribunais eclesiásticos ibéricos. Considerando a população ibérica e europeia nos níveis da Idade Média (bem baixos, o que aumentará o valor que mostrarei a seguir, de forma a mostrar ao leitor o “pior caso” da Inquisição), temos que a pior inquisição, a ibérica (de Portugal e Espanha) condenou à morte 17 pessoas a cada 100 mil habitantes, por ano. A inquisição medieval, mais branda, condenou à morte 0,08 pessoa a cada 100 mil habitantes, por ano (fontes: 
Fordham University / Catholic Bridge). Só para comparar, no Brasil 22 pessoas a cada 100 mil habitantes morreram em acidentes de trânsito (dados de 2013).

O grande historiador protestante Phillip Schaff afirma em seu livro 
"History of the Christian Church” (vol. V, New York, 1907, p.524): 
Para vergonha das igrejas protestantes, a intolerância religiosa e até a condenação à morte continuaram muito tempo depois da Reforma. Em Genebra esta perniciosa teoria foi posta em prática pelo Estado e pela igreja, admitindo até mesmo o uso de tortura e do testemunho de crianças contra seus próprios pais, com a autorização de Calvino. Bullinger, na Segunda Confissão Helvética, anunciou o princípio pelo qual a heresia poderia ser punida como os crimes de assassinato ou traição.”

Não se trata da tática petista de justificar um erro apontando o erro do outro. Tortura é inaceitável sob qualquer ponto de vista. No entanto, devemos ser justos e agir com a mesma rigidez no caso dos morticínios realizados por outros grupos, como protestantes (veja o caso dos Anabatistas e a caça às bruxas, fenômeno exclusivamente protestante – 
saiba mais aqui), islâmicos (sem comentários, os franceses que o digam) e mesmo ateus: durante a Revolução Francesa, que nos ensinam ter sido fundamentada nos princípios de “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, foram mortas 140 mil pessoas em cinco anos segundo a Enciclopédia Encarta. Quer dizer, uma revolução de cunho ateu matou 100 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano, 5 vezes mais do que a pior inquisição (só pra constar, no Brasil morreram 28 pessoas a cada 100 mil habitantes por homicídio em 2013: a Revolução Francesa matou 3 vezes mais que os criminosos brasileiros).

Para encerrar este assunto, a própria Igreja admitiu os abusos cometidos na Inquisição. Tanto que ela abriu os arquivos da Inquisição a um grupo de 30 historiadores reconhecidos internacionalmente, para que eles investigassem os fatos. 

Todos esses fatos sobre a inquisição católica estão documentados em vários livros, entre os quais destaco: "Atas do Simpósio sobre a Inquisição" (1998), de Agostino Borromeo, "A Idade Média que não nos ensinaram", de Regine Pernoud, "Sete Mentiras sobre a Igreja Católica", de Diane Moczar.



Este estudo sobre o papel essencial da Igreja Católica na Idade Média fez com que eu a admirasse. Mas isso era só o começo. No início de 2015 decidi então conhecer a fé católica. Se o papel histórico da Igreja Católica na Idade Média foi muito diferente do que me ensinaram, será que a fé católica não me surpreenderia também? Era isto o que eu precisava conferir.

Escolhi livros que explicassem a fé católica ao público protestante e testemunhos de conversões de protestantes ao catolicismo. São estes: "Catholicism for Protestants", de Shane Shaetzel, "Rome Sweet Home", de Scott e Kimberly Hahn (encontrado no Brasil sob o título 'Todos os Caminhos levam a Roma'), "Born Fundamentalist, born Again Catholic", de David Currie, e "A Fé Explicada", do Pe. Leo J. Trese. Todos os conceitos mencionados daqui em diante foram exaustivamente explicados nesses livros.

Da minha experiência pessoal, creio que os principais problemas dos protestantes/evangélicos com o Catolicismo são a veneração dos santos e de Maria. Existem outros pontos de conflito, mas estes dois são os primeiros que surgem à mente do protestante comum.

Naturalmente, estes foram os primeiros problemas que procurei por explicações. Tratam-se da Intercessão dos Santos. Por que o católico reza a Maria e aos santos? Isso não é idolatria? Não. O católico não considera a oração uma forma de adoração. Da mesma forma que pedimos oração a outros irmãos da igreja, o católico pede oração a pessoas que viveram vidas extraordinárias aqui e que agora estão vivas no Céu, diante de Deus.

Especificamente no caso de Maria, a mãe de Deus, creio que grande parte do problema protestante se resolva ao compreender como os católicos entendem a Intercessão dos Santos. Só resta acrescentar que ao católico é dogma de fé que Maria é a criatura mais santa dentre todas as criaturas de Deus. Os motivos dela ser assim considerada estão nos documentos da doutrina católica, e o estudo das doutrinas marianas chama-se Mariologia. Temos então o seguinte raciocínio:

1) A oração dos santos é mais eficaz porque eles estão em plena Comunhão com Deus, no Céu.

2) Maria é a mais santa dentre todos os santos.

3) Logo (aceitas as premissas 01 e 02), é razoável pedir que Maria interceda por mim diante de Cristo.

Ao entender isto, fica fácil entender também porque os católicos devotam tantas orações e cerimônias aos santos em geral e à Maria em particular. Eles não acreditam que santos são “deuses” e sim que os santos, hoje no Céu, são excelentes intercessores dos simples cristãos que estão aqui. Recomendo ler o que ensina oficialmente a Igreja a respeito de Maria: parágrafos 963-975 do Catecismo.

O último conceito que é útil estudar para entender os católicos neste assunto dos santos é a diferença entre adoração e veneração. Adoração é o culto prestado unicamente a Deus. Assim como na tradição judaica, o católico acredita que não existe verdadeira adoração sem oferecimento de sacrifício, que é o que acontece na Missa. O católico só oferece sacrifícios a Deus. Já a veneração é uma forma de prestar homenagem, uma demonstração pública de respeito. Da mesma maneira como homenageamos grandes personalidades políticas, artísticas ou dos negócios, o católico homenageia, dentro do contexto cristão, aqueles que viveram vidas exemplares.

Ao contrário do que muitos pensam, a Igreja tem 2 mil anos de idade e já estudou profundamente os Mandamentos de Moisés, em especial os dois primeiros (sobre a idolatria e imagens). O Catecismo faz um resumo (citando a Bíblia, como sempre) nos parágrafos 2129-2132.

Então, a meu ver, se é ilícito venerar os santos e encomendar-lhes orações, então é muito mais ilícito homenagear qualquer pessoa desta terra, ou pedir que algum irmão ore por mim. Se os santos, que viveram unicamente para Cristo, são indignos de homenagem, quão dignos seremos nós, meros mortais que não conseguem passar 01 dia se sacrificando por Deus?

Existem muitos bons livros dedicados a explicar a devoção mariana, seu surgimento e desenvolvimento na História e porque ela não é uma forma de idolatria. Recomendo três livros que tratam toda essa questão num único volume: 
"Behold your Mother", de Tim Staples; "Mary, Mother of the Son", de Mark Shea e "The Marian Mystery: Outline of a Mariology", de Denis Farkasfalvy. Estes livros demonstram que já nos primeiros séculos de Cristianismo havia devoção à Mãe de Deus.


Dos motivos de não continuar protestante

Entender essas práticas católicas serviria apenas para desmistificar a minha visão do catolicismo. Não foi isso que me fez mudar de vida. Foi somente quando estudei e refleti sobre dois assuntos pouco tratados pelos protestantes que fiquei numa posição insustentável e tive que tomar a decisão sobre minha fé.

O principal fundamento teológico do Protestantismo, isto é, de todas as denominações não-católicas que surgiram a partir do ano 1500 é o Sola Scriptura. Este princípio ensina que “somente a Escritura é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias” (cf. http://mackenzie.br/6966.html, acesso em 26.7.2015). É ele que justifica a famosa pergunta dos "evangélicos": “Onde isso está na Bíblia?”. Esta é a pergunta que os católicos mais escutam dos protestantes.

O grande problema com o Sola Scriptura é que ele mesmo não é bíblico. Você leu isso mesmo. O princípio que afirma que a Bíblia é a única autoridade em matéria de fé não é bíblico. Não precisa acreditar em mim. Procure na Bíblia. Pergunte a qualquer teólogo protestante em qual parte da Bíblia está o Sola Scriptura. Ele não saberá responder. O que me deixou mais chocado foi descobrir que o Sola Scriptura é simplesmente aceito como um dogma, uma ideia que não precisa de provas [é irônico os protestantes acusarem os católicos de dogmáticos quando a base da crença protestante é um superdogma sem fundamento]. E isso não sou eu quem diz:


Existem evidências internas e externas da inspiração e divina autoridade das Escrituras, mas estes atributos não são passíveis de 'prova'. A única evidência que importa é o “testemunho interno do Espírito” no coração do leitor. Ênfase de Calvino: 'A menos que haja essa certeza [pelo testemunho do Espírito], que é maior e mais forte que qualquer juízo humano, será fútil defender a autoridade da Escritura através de argumentos, ou apoiá-la com o consenso da Igreja, ou fortalecê-la com outros auxílios. A menos que seja posto este fundamento, ela sempre permanecerá incerta' (8.1.71).”
(Fonte: http://mackenzie.br/6966.html acesso em 26.07.2015)

Ou seja, a “prova” de que uma interpretação particular da Bíblia é inspirada por Deus é uma “certeza maior e mais forte que qualquer juízo humano”. Basta se sentir certo para estar correto(!).


Tome a seguinte afirmação: “Não existe verdade”. Quando alguém afirma isso já se contradiz, porque essa mesma frase é em si mesma uma verdade (ou a pessoa pensa que é uma verdade). Na verdade, o que a pessoa quis dizer é: “Não existe verdade – exceto esta aqui”. É um princípio arbitrário, afinal, só é verdade porque quem o enuncia diz que é verdade. Um princípio falho em si mesmo não pode ser verdade. É o mesmo problema do Sola Scriptura.

Sola Scriptura não encontra fundamentação bíblica e nem histórica. Os cristãos primitivos, aqueles que viveram nos primeiros 300 anos depois de Cristo, nunca pronunciaram o Sola Scriptura, pelo contrário. Todos acreditavam na necessidade de existir uma autoridade central, outorgada pelo próprio Cristo, para interpretar as Escrituras. Um testemunho famoso (mas não o único) é o de Santo Agostinho: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC, 119). Em sentido oposto, não há nenhum registro dos primeiros cristãos afirmando que as Escrituras são a única e suprema autoridade na fé.

Outro problema com o Sola Scriptura é que nos primeiros 300 anos de Cristianismo não existia Bíblia. É isso mesmo. O cânon, o conjunto dos livros cristãos que formaram a Bíblia, só foi definido e ntre 367 e 405 dC (curiosamente, até um historiador protestante reconhece estas datas: veja aqui). Durante todo esse período, qual foi a autoridade suprema dos cristãos em matéria de fé? Pior: até a invenção da imprensa em 1455 pouquíssimos livros estavam em circulação, porque eram de difícil produção e conservação. Assim, a quem os cristãos podiam recorrer durante quase 1500 anos, já que poucos deles tinham acesso às Escrituras?

Além disso, “pelos frutos os conhecereis”: hoje existem dezenas de milhares de denominações protestantes, e cada uma delas alega possuir a “verdadeira interpretação” das Escrituras. Quem está falando a verdade? Qual é a verdadeira fé e a verdadeira igreja? Qual o modo correto de interpretar a Bíblia? O que vale pra hoje e o que não vale mais? [o Espírito Santo entraria em evidente contradição, ensinando uma coisa a determinada comunidade e outra coisa diferente, – muitas vezes mesmo contraditória, – a uma outra comunidade?]

Para ilustrar a fragilidade do Sola Scriptura, elencarei os 5 pontos levantados no vídeo abaixo [já publicado anteriormente aqui em 'O Fiel Católico']:


1) Onde a Bíblia diz que eu devo provar alguma coisa pela Bíblia?

2) Por que a minha interpretação da Bíblia (em meu caso, fundamentando a doutrina católica) está errada e a sua correta? Eu também estou me guiando pela Bíblia, nós só discordamos no que ela quer dizer.

3) Talvez você não está compreendendo o significado correto da Bíblia. Um exemplo: se eu lhe escrever o seguinte bilhete: “Eu não disse que você roubou dinheiro.” você conseguiria entendê-lo? Parece que sim, mas uma frase de 07 palavras pode ter vários significados. Pode ser que EU não disse que você roubou dinheiro, mas alguém disse. Pode ser que eu não DISSE, mas posso ter escrito ou pensado que você roubou dinheiro. Pode ser que eu não disse que VOCÊ roubou dinheiro, posso ter falado de outra pessoa. Pode ser que eu não disse que você ROUBOU dinheiro, você pode ter perdido ou queimado dinheiro. Pode ser que eu não disse que você roubou DINHEIRO, você pode ter roubado outra coisa. Uma simples frase de 07 palavras tem pelo menos cinco significados diferentes, a depender da ênfase dada a cada palavra. Agora me responda: não é a Bíblia muito mais complicada que uma frase de 07 palavras?

4) O que está em confronto não é o que a Bíblia ensina, mas o que nós interpretamos da Bíblia.

5) De onde vieram os livros do Novo Testamento? Como eles foram parar na Bíblia? Quem afirma rejeitar a Tradição porque segue apenas a Bíblia não pode fazer isso, porque foi a própria Tradição católica quem escolheu quais livros pertencem ao Novo Testamento. Em lugar algum a Bíblia diz quais livros fazem parte dela. Então, o simples fato de ser “biblista” só é possível graças à Tradição católica.

A Bíblia não caiu do Céu. Durante quase 400 anos os cristãos lutaram para reconhecer, aos poucos, os livros inspirados, até que concílios católicos, compostos por bispos católicos, definiram os livros da Bíblia. Foi a autoridade da Igreja que encerrou a discussão sobre os livros inspirados.

Então, para encerrar este assunto Sola Scriptura, e resumindo toda a questão: não é bíblico, não é lógico, não é histórico e teve consequências catastróficas para o Cristianismo. Foi um conceito inventado depois de 1500 anos de Cristianismo. Sendo assim, é no mínimo prudente considerar que a posição católica (de acreditar na autoridade da Bíblia, mas também na da Tradição conservada pela Igreja) é no mínimo plausível. Não estou pedindo para você se converter, apenas para reconhecer que não é absurdo a Palavra de Deus não se restringir a um livro. Isto é o mínimo que se espera de alguém honesto consigo mesmo.

Por fim, o problema Sola Scriptura foi discutido exaustivamente por muitos autores católicos. Alguns livros que eu recomendaria a quem deseja saber como o católico trata esse princípio seriam estes: "Not By Scripture Alone", de Robert Sungenis (uma verdadeira 'bomba atômica' contra o Sola Scriptura), e "100 Biblical Arguments Against Sola Scriptura", de Dave Armstrong.

Diante de tudo isso, eu não podia mais aceitar o fundamento do Protestantismo, o Sola Scriptura. A Bíblia sozinha não é suficiente para resolver todos os conflitos da vida cristã. Simplesmente havia coisas demais sendo “deduzidas” (eu prefiro dizer ‘inventadas’) no calor do momento de uma época. Isso sem mencionar que a Bíblia é uma coleção de livros complexa demais para que um fiel comum, sem condições de estudar grego, latim, hebraico , aramaico, Filosofia e Teologia, pudesse interpretar de forma mais correta que o corpo de toda a Tradição cristã de 2 mil anos. Seria muita arrogância. Foi nesse momento que eu, pelo menos em consciência, deixei o Protestantismo.


Rome, Sweet Home
[Nota de Henrique Sebastião, editor de 'O Fiel Católico': o segundo Motivo que será apresentado pelo autor para deixar o Protestantismo, a seguir, é exatamente o mesmo Motivo final e definitivo de minha própria conversão à Igreja de Cristo]

Deixar o Protestantismo e todas as denominações protestantes é uma coisa. No entanto, faltava um motivo claro e inegável para eu aceitar a Igreja Católica.

Este motivo foi a Eucaristia.

A Eucaristia é centro de toda a fé católica. À distância, [até se] parece com a “Santa Ceia” dos protestantes, porém infinitamente mais carregada de sentido e importância: o católico acredita que na Eucaristia o pão e o vinho se transformam, milagrosamente, no Corpo e no Sangue de Cristo. Assim, podemos dizer com razão que o católico “absorve” o próprio Cristo, presente de maneira real na celebração da Eucaristia. Loucura? Canibalismo? Bom, os católicos não foram os primeiros a ouvirem essas acusações.

No Evangelho de João, capítulo 6, o próprio Cristo profere estas palavras:


Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a Carne do Filho do homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha Carne é verdadeiramente Comida, e o meu Sangue verdadeiramente é Bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se alimenta, também viverá por mim.”
(João 6,53-57)

Logo em seguida, pela primeira vez em seu Ministério, Jesus perde discípulos por causa de um ensinamento. Eles consideraram essas palavras de Jesus “muito duras” (vs 60).

A resposta de todo protestante é alegar que Jesus disse essas palavras no sentido figurado, isto é, comer sua Carne e beber seu Sangue seria um símbolo. [Ora, é claro como água límpida que esta versão é simplesmente absurda! Se fosse apenas um símbolo, por que alguns ou muitos discípulos se escandalizariam a ponto de deixar de seguir Jesus? Eles estavam acostumados com as parábolas do Mestre. Por que razão apenas quando Ele ensinou que seu Corpo e Sangue, literalmente, se tornariam Pão e Vinho, e que os verdadeiros seguidores deveriam se alimentar dEle, criou-se tanto celeuma?]

Outro problema com essa versão é que ela faz de Jesus um insensível que gostava de induzir seus seguidores ao erro e à blasfêmia. Explico. Em todo o Evangelho (nos 04 livros, Mateus, Marcos, Lucas e João) Jesus Cristo fez questão de explicar o significado de suas palavras quando falava por meio de linguagem simbólica, ou em parábolas. Veja no caso do “nascer de novo” a Nicodemos (João 3) e em todas as parábolas (semeador, joio e trigo, videira, talentos, etc). Jesus Cristo, sendo Deus, não induz pessoas ao erro, ao pecado gravíssimo da blasfêmia. No entanto, justamente no caso da Eucaristia, Ele se calou. O único cenário que justifica Jesus permitir que vários dos seus discípulos O abandonassem é por ter dito exatamente o que Ele quis dizer. Não há forma mais clara de dizer que deveríamos beber Seu sangue e comer Sua carne.

Além da evidência do próprio Cristo, há a evidência histórica: já os primeiros Apóstolos, e seus primeiros sucessores, acreditavam que Jesus estava realmente presente no Pão e no Vinho da Ceia. É por isso que Paulo fez a famosa advertência em 1 Coríntios 11,29: “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” É pecado grave participar da Ceia sem discernir ali o corpo de Cristo. Ora, se fosse apenas pão e vinho como símbolos do Corpo e Sangue do Senhor, porque esta tão severa e específica advertência?

Mais: ainda que os protestantes insistam em dizer que a Ceia é apenas um memorial, a palavra em aramaico que Jesus utiliza para falar de Seu corpo na Ceia é a mesma que Ele usa para falar de Seu corpo na cruz! Tornar o corpo de Cristo na Ceia simbólico é tornar a Crucificação simbólica(!).

Estas e outras provas a favor da Presença Real de Cristo na Eucaristia estão muito bem explicadas nos livros que eu grifei no meio deste relato. Além deles, o melhor livro sobre esse assunto provavelmente é "O Banquete do Cordeiro", de Scott Hahn.

Sabendo que o Cristo, capaz de sofrer uma morte cheia de torturas por nós, não seria capaz de perder discípulos por causa de uma confusão de palavras, eu não tenho motivos para acreditar em outra coisa que não seja o sentido literal das palavras de Jesus: que precisamos comer Sua carne e beber Seu sangue para ter vida em nós. E conhecendo que na Igreja Católica eu poderei participar do Banquete do próprio Cristo, o Noivo, o Cordeiro, e que Ele, Deus encarnado, encontra-se fisicamente presente na Santa Missa, somente o orgulho obstinado poderia servir de motivo para não me render à Igreja Católica Apostólica Romana.

O que mais eu deveria fazer se soubesse que Jesus Cristo está fisicamente presente em algum lugar?


E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
(Mateus 28,20)


* * *


Este é o breve relato dos motivos da minha conversão ao Catolicismo. Não tenho a intenção de torná-lo um tratado religioso ou histórico sobre a fé católica e, por essa razão, não tratei de outros temas de conflito com protestantes. Pra isso existem centenas de (bons) livros, e eu posso indicar alguns ao leitor interessado e honesto, o primeiro deles é o “manual” católico, – o CIC. – Por fim, que estas palavras sejam acolhidas em terreno fértil, para que produzam muitos frutos para a glória de Deus, nosso Pai.

Em Cristo Jesus Nosso Senhor,
João Marcos
Olímpia, São Paulo, 28.07.2015

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Complemento da bibliografia recomendada e indicações do autor

1. Catecismo da Igreja Católica;



4. O excelente (foi o primeiro livro sobre a fé católica que eu li) "Catholicism for Protestants", por Shane Shaetzel. Neste livro o autor, católico bem no meio do Bible Belt (a região mais protestante dos EUA), responde de maneira curta, organizada e dentro da doutrina católica às dúvidas levantadas pelos protestantes. É um excelente material para começar a remover preconceitos sobre a Igreja.

5. "Coleção História da Igreja", por Daniel-Rops (10 volumes), além dos livros já citados no meio do relato.

6. Testemunhos de convertidos à Igreja Católica: eu sempre achei que só pessoas desonestas permaneceriam ou se converteriam à Igreja Católica. Estava redondamente enganado. E foi só depois que eu saí do meio (protestante) é que percebi como a grande maioria dos protestantes ainda pensa isso dos católicos. Espero que estes livros e vídeos ajudem a desmistificar esta falsa noção: 


• "Todos os caminhos levam a Roma", por Scott e Kimberly Hahn (leia a resenha); 


"Ex-pastor Paulo Leitão se converte ao Catolicismo", um testemunho emocionante em vídeo (assista aqui); 
O testemunho brilhante da conversão de Fábio Salgado à Igreja Católica (repleto de dicas de livros, leia aqui)
"Lista de 201 ex-protestantes conversos ao Catolicismo" (leia aqui);

Todos os membros da "Igreja Cristã Maranatha" (Detroit, EUA) se convertem ao Catolicismo (leia aqui). 

Com esses testemunhos espero que o leitor entenda que pessoas com motivos sérios, fundamentados, e com uma prática de vida piedosa, escolheram a Igreja Católica. Não é uma escolha por conveniência, malícia ou ignorância. Muitas dessas pessoas perderam amigos, familiares e todo seu círculo social de uma vida inteira quando escolheram a fé católica. Todas elas eram cristãos estudiosos, inteligentes, conhecedores da Bíblia e ativos na vida ministerial das suas igrejas. Se meu exemplo não basta, espero então que o exemplo desses irmãos em Cristo o ajudem a perceber que a fé católica não é uma mentira ou tradição de homens.